JÉSUS RAMOS

JÉSUS RAMOS - Rio das Velhas

Óleo sobre tela - 60 x 80

Definitivamente, Belo Horizonte é uma metrópole “caipira” de incalculáveis mistérios e tesouros. Ainda que o mercado de arte da cidade seja quase todo voltado para o Modernismo e Construtivismo de décadas do século XX, é possível encontrar em várias galerias, “pérolas” muito bem escondidas, às vezes raras. Entre essas descobertas, de uma maneira mineiramente sutil, estive em contato com a obra de Jésus Ramos, no início da década passada. Já tinha referências suas, aliás, muito bem comentadas por Wilson Vicente, com quem Jésus saiu por vários anos, na captura de cenas em plein air nos arredores da capital.

JÉSUS RAMOS - Manhã pitoresca no Rego dos Carrapatos

Óleo sobre tela

JÉSUS RAMOS - Paisagem com bambu e beira de rio

Óleo sobre tela

Chamou primeiramente a atenção, nos trabalhos de Jésus, a identidade mineira marcante, numa das formas mais brejeiras e diretas que já vi na abordagem desse tema. Há uma mistura de Naturalismo e Romantismo, dando à obra um aspecto etéreo, com uma suave distorção da realidade, mas com uma identidade realista ainda marcante à ela. Suas diversas nuances criam cenas bucólicas, onde a maciez dos volumes e um colorido bem particular, nos prendem imediatamente aos seus efeitos.

JÉSUS RAMOS - Nascente

Óleo sobre tela - 80 x 100

Jésus Ramos nasceu em Belo Horizonte, no dia 1º de dezembro de 1956. Já é longa sua caminhada com as artes, iniciando desde pequenino, o interesse por desenho e pintura. Certamente o convívio num ambiente onde a paisagem é naturalmente inspiradora, o levou a escolher esse tema como o seu cartão de visitas. Foi pelo tema paisagístico que nos comunicamos pela rede, e desses primeiros contatos acabei encomendando uma cena de Dionísio, hábito que tenho feito e parece estar virando um hobbie, ter algo de minha cidade sob a ótica de outros artistas. Só agora estou conseguindo concluir essa matéria com ele, não que seja por falta de insistência minha, mas o Jésus tem um jeito bem mineiro de conduzir as coisas. Vou deixar a própria fala do Jésus, explanar um pouco mais a sua trajetória, suas intenções, perspectivas e o meio que o formou.

JÉSUS RAMOS - Minas em temporada de ipês

Óleo sobre tela - 60 x 100

JÉSUS RAMOS - Estrada em Conceição de Minas, Dionísio

Óleo sobre tela - 50 x 70 - Acervo de José Rosário

Quando começou com a arte?

“Desde criança e na minha adolescência desenhava e coloria sem compromisso. Aos meus dezoito anos decidi pintar com mais atenção e estudo. Mas, a arte dita moderna, de vanguarda, feita nas Escolas da UFMG e Guinard não me agradava. Claro que os professores e alunos daquelas escolas faziam e fazem trabalhos inegavelmente bons e de primeira qualidade. Era só questão de gosto, e nos meus dezoito anos eu já conhecia pinturas do Edgar Walter, Benedito Luizi, João Ornelas, Amarilis Chaves, Ramon Conde e outros e que me agradavam muito mais.

JÉSUS RAMOS - Carreando milho

Óleo sobre tela - 90 x 130

JÉSUS RAMOS - Serra da Moeda

Óleo sobre tela - 90 x 130

Teve professores no início? Quais? Até que ponto influenciaram em seu trabalho?

“Claro que tive professores, graças a Deus. Admiro aqueles que se dizem autodidatas. Deve ser muito sofrido não ter professor.

Meus  professores: Raimundo Costa e Alberto Braga.

Eu cito esses dois como meus principais professores. O Raimundo como disse no item anterior foi meu primeiro professor, depois freqüentei o atelier de pintura do Sr. Alberto Braga. Com Sr. Alberto aprendi muitos segredos e o vocabulário próprio da pintura.

Eu gosto de citar o Wilson Vicente como meu outro professor. Mas, o Wilson não foi um professor formal. Tenho muitas saudades do tempo que eu acompanhava o Wilson para fazermos pintura ao ar livre, isto em 1976 a 1978.  Eu não pintava nada, apanhava mais do que cachorro sem dono, o Wilson já era “Cobra criada”.  Com ele aprendi enxergar o mundo colorido e como funciona o uso das três cores básicas.  Muitos acham que eu fui aluno do Edgar Walter, infelizmente não fui. Tive contatos com Edgar, ouvia-o comentar sobre pintura, pintores  e procedimentos, algo sobre colorido e só. Foi uma pena. Quando eu conheci Edgar ele já não estava tão animado com alunos. Mas freqüentando o atelier do Sr. Alberto Braga foi muito importante para mim, lá tive oportunidade de ter contato com vários pintores e suas teorias inclusive, o Edgar, que era como irmão do Sr. Alberto. Para quem não conhece o Raimundo Costa e Alberto Braga eles estão no livro do Edgar Walter. O Raimundo está representado em uma pintura soberba do Edgar Walter na pagina nº. 141”.

JÉSUS RAMOS - Queimada

Óleo sobre tela - 60 x 100

JÉSUS RAMOS - Estrada

Óleo sobre tela

JÉSUS RAMOS - Quaresmeira no Rego dos Carrapatos

Óleo sobre tela

Qual sua visão sobre a arte no Brasil e em Minas?

Vai bem, tanto a arte no Brasil como em Minas. Vejo que os artistas contemporâneos formados, nas escolas atuais, seguem o que acontece atualmente no mundo com muita facilidade, hoje com advento da internet as idéias e informações estão facilmente globalizadas.  Vejo que os artistas mineiros estão em evidencia, tanto os ditos tradicionais como os  ditos modernos.

JÉSUS RAMOS - Colhendo cana

Óleo sobre tela - 90 x 130

JÉSUS RAMOS - Serra da Bocaina

Óleo sobre tela

Há artistas que considera como referência? Poderia citar? (Quero fazer uma ressalva quanto à resposta enviada pelo Jésus. Ele fez questão de não esquecer de ninguém, dos mais distantes aos mais próximos, uma lição para todas as pessoas que em algum momento esquecem suas raízes).

“1 – Raimundo Costa, Alberto Braga, Wilson Vicente.

2 – Picasso – Não por seus trabalhos modernos. Mas por toda sua trajetória. Picasso desenhava divinamente e pintou quadros clássicos lindíssimos que são poucos conhecidos e  poucos divulgados.

3  - Portinari – Pelo mesmo motivo de Picasso. O quadro que lhe deu premio de viagem a Europa é um trabalho totalmente acadêmico que também não é divulgado.

4 – Bianco – Foi assistente de Portinari. Bianco ainda está na ativa, possuidor de técnica soberba. Se eu tivesse condição financeira compraria toda sua produção.

3 – Outros artistas que eu curto  - Raimundo Costa, Alberto Braga, Sebastião Fonseca,John Constable, Jacob Van Ruisdael, Leonardo Da Vinci, Michelangelo, Raphael, Paolo Veronese, Giovanni Batista Tiepolo, Gianni Maimeri (Pintor e fundador da fabrica produtos Maimeri),   Eugéne Boudin, Pedro Americo, Victor Meirelles, Dall’Ara, João Batista da Costa , Oswaldo Teixeira, Oscar Pereira da Silva, Parreiras, Vinet, Castagneto e todos demais do Grupo Green, Edgar Walter,  Mary Cassat, Almeida Junior, Rodolfo Amoedo, William Bouguereau, Sargent, Rembrandt, Monet, Sisley, Vermeer, Ticiano, Vélazquez,  Joaquim Sorolla, Bartolomé Esteban Murillo, Gustave Coubert e Albert Bierstadt.

4 – Ainda em atividade – Bianco, Scott Burdick, David A. Leffel , Kathryn Stats,  Virgilio Dias, Alexandre Reider, Euclides Bottaro e Amarilis Chaves.

5 – E Principalmente todos meus amigos – João Bosco Campos, João Ornelas,  José Rosário, Rui de Paula, Mauro Ferreira, Cláudio Vinícius, Elvécio Moraes, Rubens Vargas,  Luiz Pinto, Luiz  Armond, Sebastião Eduardo, Florêncio, Alcides Marques, Jupira, Ivanio Cristelli, Hilton Costa, João Barcelos, Frederico Bracher e Xico Fernandes”.

JÉSUS RAMOS - Terras de Minas

Óleo sobre tela

Prêmio Maimeri - Primeiro lugar em 2009

O mês de junho de 2009 tem um importante significado na carreira de Jésus Ramos. Foi quando recebeu o Prêmio de Pintura Maimeri – Casa do Restaurador 2009, patrocinado pela Casa do Restaurador de São Paulo e pela fábrica de produtos artísticos Maimeri, na Itália. Jésus foi classificado em 1º lugar na categoria paisagem, com a obra ilustrada acima. Além dos prêmios materiais incutidos à cerimônia, também ganhou uma viagem para visitar as instalações da Maimeri, na Itália.

Agradecimentos especiais ao Jésus Ramos pela contribuição particular dos dados.

PARA SABER MAIS:

www.jesusramos.com.br