quinta-feira, 12 de julho de 2012

ANDERS ZORN


ANDERS ZORN - Spetssom
Óleo sobre tela

É unânime que quase todos os artistas figurativos contemporâneos se espelhem em Anders Zorn. Para aqueles que ainda não o conhecem, certamente se tornarão fiéis discípulos seus, assim que tomarem conhecimento de seu trabalho. Reconhecido internacionalmente como um dos mais talentosos pintores da Suécia, foi um impressionista de sucesso, que conseguia como poucos, capturar a alma de um modelo retratado. Também são famosos seus estudos de nus e suas cenas de gênero, que narram a trajetória do povo de seu tempo.

ANDERS ZORN - Hins Anders

ANDERS ZORN - Mulher se vestindo

Nascido em Mora, a 18 de fevereiro de 1860, Zorn era filho de Anna Grudd Andersdotter e Leonhard Zorn. Nunca chegou a conhecer seu pai, apesar de ter sido reconhecido legitimamente como filho por ele. Passou toda a infância na mesma cidade onde nasceu, na casa de seus avôs maternos, quando aos 12 anos foi enviado para estudos em Enköping. Já aos 15 anos, entra para a Academia de Arte de Estocolmo. Dono de uma habilidade natural extraordinária para as artes, ficou inicialmente em dúvida entre a escultura e a pintura, vindo decidir pela segunda logo em seguida.

ANDERS ZORN - Litoral

ANDERS ZORN - Reflexos

Já em uma exposição de 1880, surpreende pela habilidade precisa com os retratos. São exatamente eles que o projetam para a fama e as encomendas, principalmente retratos de crianças. Em agosto de 1881, viaja para o exterior, a fim de ganhar dinheiro e divulgar melhor o seu trabalho. Ficaria entre a Inglaterra e a Espanha nos próximos quatro anos, e nunca deixava de passar os verões em Mora e Dalarö, na Suécia, onde sua família alugava uma casa. É exatamente nesse período que tem seu estilo mais amadurecido, ficando seguro de sua técnica e das habilidades que conseguia dar aos retratos e paisagens, com especial atenção para as cenas aquáticas.

ANDERS ZORN - A feira em Mora

ANDERS ZORN - Cozinheiras - Óleo sobre tela

ANDERS ZORN - Nosso pão de cada dia

No outono de 1885, casa-se com Emma Lamm, e passam os próximos onze anos viajando entre a Inglaterra e a França, mas nunca deixando de passar os verões em sua terra natal. Até então, trabalhava exclusivamente com aquarela e é justamente nessa época que atinge o ápice no uso dessa técnica. Os primeiros anos juntos com Emma foram muito estimulantes para a pintura de Zorn, graças ao seu incentivo constante e senso crítico apurado, que muito o auxiliou.

ANDERS ZORN - Ninfa do amor - Óleo sobre tela

ANDERS ZORN - Íris
Aquarela

Os invernos de 1887 e 1888 foram passados em St Ives, na Cornualha. Podemos dizer que foi um período divisor de águas para Zorn, pois é quando inicia com o óleo. Faz um retrato de um pescador, que logo se torna um sucesso definitivo e é adquirido pelo estado francês. Isso o estimula a estar mudando para Paris na primavera de 1888, onde viria a morar pelos próximos oito anos. Em vários aspectos, foi um período de grande importância na carreira de Zorn. Diversas obras o colocam em destaque no mundo parisiense e se torna rapidamente uma das figuras badaladas no cenário artístico da cidade. Prestígio que é confirmado com a condecoração da Legião de Honra Francesa, em 1889, e torna seu passaporte para produzir um autorretrato para a Galeria Uffizi, em Florença.

ANDERS ZORN - No ateliê

ANDERS ZORN - Valsa

ANDERS ZORN - No bailar das ondas

Zorn era particularmente um artista nato para os retratos, dos quais conseguia descrever toda a naturalidade e espontaneidade. Dizia que seu trunfo estava em colocar o modelo num local no qual se sentisse bem. Não gostava de estúdios, que considerava artificiais demais para uma boa composição. Foi assim com diversos deles, inclusive com os famosos retratos de Antonin Proust e Coquelin Cadet.

ANDERS ZORN - Mulher numa floresta

ANDERS ZORN - No parto de Argel

ANDERS ZORN - Pescadores na praia 

Os verões em Mora continuavam inspirando ainda mais os trabalhos de Zorn. Além do fascínio que tinha pela pintura de água, resolveu aliar a estas composições modelos nus. Mais uma grande oportunidade de aliar o domínio com a figura humana à paisagem.

ANDERS ZORN - Sommarnoje

ANDERS ZORN - Retrato das filhas
Óleo sobre tela

Fez diversas visitas aos Estados Unidos e produziu dezenas de retratos nessas viagens. Já era um pintor muito bem sucedido, aclamado por críticos e desejado pelos ávidos colecionadores de seu círculo. Em 1896 decide mudar para a Suécia. Não é só o gosto pela terra natal, mas o desejo de levar algo mais para a terra que o acolheu. Monta uma sociedade de leitura, uma biblioteca paroquial, uma creche e promove o artesanato doméstico da cidade de Mora. Seu interesse em preservar a memória de seu povo era tão grande, que começou a adquirir imóveis antigos, a fim de preservá-los. A importância de seu esforço foi recompensado, afinal, quando em 1906, propôs um concurso de música popular regional, fazendo renascer essa tradição que se acabava rapidamente.

ANDERS ZORN - Retrato de Antonin Proust - Óleo sobre tela

A mudança para Mora também refletiu na temática dos futuros trabalhos, deixando um pouco os retratos e se dedicando na representação de seu povo e de suas tradições. Incorporou uma técnica com pinceladas mais abrangentes do que antes. A reputação de retratista por excelência havia atingido as classes superiores e Zorn era convocado para trabalhos especiais. Pintou diversos membros da família real, inclusive a Rainha Sofia, de quem produziu um retrato digno de grandes mestres.

ANDERS ZORN - Retrato de Fru Lisen Samson

Produziu diversas gravuras nessa época e volta a esculpir. Habilidade que havia dado um descanso já fazia tempos, mas que domina como se praticasse diariamente. O incansável artista, que parecia estar sempre disposto para uma nova obra, tem sua saúde gravemente abalada. Não resiste a uma série de contratempos e falece a 22 de agosto de 1920. Emma fez todos os esforços para preservar a memória do marido e cria para ele um museu, que abre em 1939. Continuou ainda a fazer todos os trabalhos filantrópicos que ele havia iniciado, até o fim de seus dias.
Para muitos, Zorn não é apenas um modelo de artista, mas acima de tudo, de cidadão comprometido com o mundo.

ANDERS ZORN - Autorretrato em vermelho
Óleo sobre tela

12 comentários:

  1. Sou um admirador, desse grande artista, suas cenas transmitem o momento, Zorn é simplesmente Demais... maravilhoso! valeu meu amigo!

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  2. Parabéns pela excelente postagem. Zorn, assim como Sargent e Philip de Laszlo, representa perfeitamente o melhor da era de ouro do retratismo eduardiano. É sem dúvida alguma um gênio da pintura. Pena que nos dias de hoje poucos se lembram do trabalho dele. Novamente parabéns por mais uma fantástica matéria.

    At, William

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  3. Vidal e Willian, agradeço a passagem de vocês por aqui.
    Precisamos de um mundo com mais "Zorns"!
    Abraço, amigos!

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  4. Zé, confesso que estas bios de grandes artistas é combustível para seguir em frente, faz parte do tipo de leitura de minha preferência. Zorn é estupendamente genial!
    Grande abraço!

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    1. É a mesma sensação que sinto, Vinícius. Para cada artista que pesquiso ou que desenvolvo algo escrito, sinto as energias renovadas e mais vontade de seguir !

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  5. Olá Jose , que convicção nas pinceladas, este artista me mostra a distancia que tenho que chegar,linda matéria.

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    1. O Zorn nos aponta o caminho, Isaque. Uma trilha pela qual seguimos, que dá vontade de nunca conhecer o fim.
      Bom te ver por aqui, amigo.
      Até mais!

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  6. Uma galeria e tanto por aqui! Belíssimos trabalhos!

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    1. Obrigado por passar aqui, Marisete. Suas considerações são muito importantes.
      Grande abraço!

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  7. Valeu !!! Maravilhoso biógrafo e artista Rosário ! Obrigado !

    Ás vezes quase acredito que Zorn, Sargent, Kroyer, e Sorolla sejam as quatro colunas de uma harmonia e fazer expontâneo que sintetizam a perfeição na pintura. Parecem deuses praticando um passatempo agradável, sem nenhum traço de aprendizado, de processo. Tanto a primeira quanto a última obra estão ao mesmo nível qualitativo, como se já chegassem entre nós, prontos e maduros.
    Paleta limitada para uma arte sem limites !!! obrigado, de novo !

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    1. Sempre tive essa impressão também, Selistre. Parecem brincar com as cores e seus efeitos, e qualquer acidente que tenham cometido, são as nossas mais seguras referências.
      Grato por passar aqui, amigo.
      Grande abraço!

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    2. É sempre um grande prazer passar por teu blog, meu amigo, pois na minha opinião não há na web um espaço onde o acervo seja tão rico e o texto traga a mais profunda percepção sobre cada obra e sobre a personalidade de seu criador.
      Deus continue te iluminando !!! abraço !

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