sexta-feira, 16 de novembro de 2012

REALISMO HOJE: UMA PROPOSTA


Da esquerda para a direita: Douglas Okada, José Rosário, Gonzalo Cárcamo, Luiz Fernando (Instituto Seraphis), Luís Carlos Marques Fonseca (Nova Acrópole), Juliana Limeira, Ronaldo Boner e Vinícius Silva.

Todas as vezes que há um confronto entre Arte Contemporânea e Arte Clássica, cria-se um embate e ao mesmo tempo uma possibilidade ao entendimento, ainda que esse último pareça distante e que muitos setores da própria arte insistam para que ele nunca aconteça. A inauguração da Exposição “Realismo Hoje” traz à tona uma temática necessária, muitas vezes evitada e grande parte das vezes abafada: a beleza na Arte é possível? Pela minha vivência com o tema, diria que não somente é possível, como se torna urgente. Os nove artistas que participam da mostra não tem a pretensão de se declararem representantes únicos de uma nova corrente que luta pela busca de uma nova arte, aquela que reinstaure a procura da beleza como ideal de expressão. São, como muitos artistas, espalhados pelo Brasil e pelo mundo, sobreviventes contra um meio hostil, que cada vez mais oprime e direciona a grande massa.

GONZALO CÁRCARMO - Meninos puxando a rede de pesca, detalhe

JULIANA LIMEIRA -  Em busca, detalhe

ALEXANDRE REIDER - Florada das paineiras, detalhe

Sei que estarei comprando uma briga com todas as correntes que insistem em fazer crer que a Arte se tornou um jardim de liberdade irrestrita, que tudo nela se pode e que temos que assistir ao desfile de tantas sandices, que muitas vezes nos afastam com força do maior e mais nobre ideal procurado na arte: o da beleza e do diálogo constante com ela, e com os bens que esse diálogo proporciona às nossas vidas. Como nas ágoras da Antiga Grécia, onde os problemas se exauriam e se resolviam pelo maior conhecimento de si mesmos, a internet me parece a ágora mais democrática do momento. Aqui, estamos pelo menos mais isentos (se quisermos) da simplificação violenta da Arte. Em nenhum outro lugar, como aqui, a monopolização da Arte por uma pequena minoria parece sofrer tanta ameaça. Concordo com a máxima de Arnold Hauser, quando afirma que “o problema não consiste em confinar a Arte ao horizonte das grandes massas, mas ampliar o horizonte das massas tanto quanto possível”. Como artista, principalmente defensor de um estilo realista, que ainda comunga dos ideais clássicos, vejo o quanto a democracia entrou em desuso. As grandes galerias atuais, bem como bienais e espaços públicos, não estão dispostos a expor uma Arte que resgate antigos valores e que proporcione ao público o direito sagrado do livre arbítrio e da escolha, estão mais preocupados em “vender” o produto da moda, ainda que ao público consumidor seja servida apenas uma viseira, que cega e direciona para os trilhos daqueles que tem poder. Não estamos lutando para que um estilo prevaleça sobre outro, é exatamente essa guerra de "ismos" que devemos evitar, se quisermos evoluir como artistas que caminham pela construção de um mundo melhor. Mas, sou consciente que esse diálogo se faz necessário. Todos nós crescemos quando abrimos ao diálogo. E, mesmo que não cheguemos a alguma conclusão nesse momento, caminhamos em direção a ela. Se andamos dois passamos e recuamos um, pelo menos saímos do lugar.

RONALDO BONER - Arranjo com girassóis, detalhe

JOSÉ ROSÁRIO - Congados em dia de festa, detalhe

DOUGLAS OKADA - Raquel, detalhe

O fim do Impressionismo marcou o final de um período de cerca de 400 anos em que a Arte tinha como meta produzir algo belo, que encantasse sem precisar de um discurso paralelo. Cada obra desse período não precisava de uma cartilha de tiracolo, que a interpretasse para todos que se colocassem diante dela. Dentro desse mesmo período, que se iniciou lá no Renascimento, movimentos renovaram a linguagem artística, adaptaram-se ao seu tempo, mas nunca perderam como meta a procura do encantamento, esse mesmo encantamento que nos faz sentir a vida mais leve e confirmar que o “supérfluo” do produto artístico é o essencial para a melhora de nossos dias. Tudo que se produziu de novo, depois do Impressionismo, foi uma recusa constante ao encantamento, da perda da natureza como fonte inspiradora e quase sempre uma violação a ela. À partir de então, o culto àquilo que agride, que deprime, que causa melancolia, passa a ser a regra. Todas as manifestações artísticas sofreram graves consequências, os valores pictóricos são destruídos, não importa mais o cuidado na elaboração da imagem. A poesia perde a sistematização da estrutura e se expressa em frases soltas, desconexas, muitas vezes ditas nas entrelinhas e numa subjetividade que nada afirma. Também a música perde a melodia e a tonalidade, nos afastando cada vez mais dos caminhos que nos conduzem à paz de nossas almas. A Arquitetura se tornou quase estéril, preocupando demasiadamente em nos colocar num ambiente que apenas nos contém, mas que não nos abriga com tudo aquilo que somos. O século XX foi o palco onde aconteceu tudo isso. No afã de ridicularizar tudo que foi produzido pelos nossos antepassados, a Arte dita moderna começou a agredir diretamente alguns mestres do passado. Exemplo clássico é o da Mona Lisa executada por Marcel Duchamp, onde ela aparece com uma barbicha e bigode. Fazer piada com algo que sempre foi uma referência e símbolo, parece fortalecer adversários que não tem nada mais a oferecer além disso: ironia. Mas, tudo isso é muito engraçado apenas por um breve intervalo de tempo. Continuaremos apenas rindo de nossas desgraças, sem buscar uma saída para elas? Muito do que se produz na Arte Contemporânea foge do sentido de revitalização proposto pelo verdadeiro espírito da Arte. A Arte que não tenha um compromisso com a melhoria da nossa condição humana estará confinada a uma simples replicação do caos, e seus artistas são nada mais que desnecessários profetas do agouro. É muito fácil montar uma instalação com centenas de vestes ensanguentadas, nos dizendo que somos cúmplices das “chacinas” que matam o mundo, o difícil é mostrar algo que seja a solução para isso. Repetir a tragédia da nossa realidade humana não é tão complicado quanto apontar o caminho para sairmos dela. Queria que os artistas de hoje se preocupassem menos em chocar e muito mais em extasiar. Se um escultor de hoje produz uma bela imagem, com proporções bem elaboradas e bem acabada, não tem muito valor. Mas, se pegar a mesma escultura, serrar ao meio e pendurar de cabeça pra baixo, é um gênio. Que valores estamos conquistando com isso? Até que ponto destruir o nosso gênio inventivo será mais importante que edificá-lo? Precisamos de uma Arte para amaciar o coração da humanidade, porque de pedra já nos tornamos eficientes.

CHARLES OAK - Tribo Himba, detalhe

VINÍCIUS SILVA - Inverno na corredeira da Trindade, detalhe

MARCUS CLÁUDIO - Costureira, detalhe

Quando recebi o convite da Juliana Limeira, para estar compondo, juntamente com outros artistas, uma exposição que fosse um pouco do resgate da Arte que nos faz reencontrar valores perdidos, logo vi que não estava só. Ainda é possível acreditar em resgatar um pouco da nossa dignidade humana e contagiar outras pessoas com isso. A Nova Acrópole me fez confirmar ainda mais que estou no caminho certo. Somente com o aprofundamento do conhecimento daquilo que somos, baseados na herança cultural que nos deixaram os ricos ensinamentos orientais e ocidentais, podemos caminhar na direção de um mundo onde Justiça, Beleza e Bondade sejam imperativos e não uma utopia. Um lema da organização e que muito me marcou é que “se você acredita que esse mundo ideal é possível, não espere que ele apareça para você, faça parte dessa construção, seja arquiteto de seu próprio tempo”.

Não poderia terminar esse texto, sem citar Jorge Angel Livraga: “Limpemos o mundo começando por nós mesmos. A limpeza, a verdadeira higiene espiritual, é a melhor forma de Arte. E o ato de fazê-lo é o melhor artesanato. Deus abençoe o trabalho, Deus abençoe o esforço. Deus abençoe os humildes que talham a madeira e modelam o barro. Deus abençoe aqueles outros, os escolhidos dos deuses, que podem plasmar em letras, em música, em cores, aquelas cores tão bonitas que escapam ao resto dos homens. Artistas e artesãos vão unidos para um mundo melhor. Eles devem marcar, no meio da noite, a luz do horizonte que indica que começou amanhecer”.


















28 comentários:

  1. Você conseguiu sintetizar tudo o que penso sobre a Artes e suas vertentes. Obrigado.

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    1. Obrigado a você, Macário, por engrossar esse time.
      Grande abraço, amigo!

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  2. Sempre quando penso em arte, penso em beleza... que matéria maravilhosa, isto é tudo que penso, obrigado por tudo amigo, parabéns pela bela exposição!

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    1. Comunhão é exatamente isso, Vidal. Uma comum união de ideias e expressões. Bom comungar conosco esses ideais.
      Grande abraço!

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  3. O anúncio do amanhecer... Imagem perfeita para o trabalho de vocês! Parabéns!

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    1. Que essa chame não se apague, Luana...
      Grato por vir aqui. Abraço!

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  4. Mais uma vez vc conseguiu emocionar eu e acredito outros pessoas que leram esta materia com palavras e referencias lindas,como já diz; isto é que tem que refletir ao mundo.(O choro pode dura uma noite mais a alegria vem ao amanhecer.)grande abraço!

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    1. Olá Isaque, a sensibilidade é tudo que possuímos de mais precioso. Bom saber que, assim como você, ainda existam pessoas sensíveis em torno dessa nobre causa.
      Grande abraço!

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  5. José, não nos conhecemos pessoalmente, mas as nossas obras falam a mesma linguagem! Quero aqui parabenizá-lo não só por suas obras, mas pelo excelente texto que redigiu nesta exposição. Aliás, as minhas congratulações dirijo-as a todos os artistas desta exposição, encabeçada pela Juliana Limeira. Tenho imensa alegria de tê-los encontrado aqui na internet - e por que não dizer, sinto um grande alívio em saber da existência de jovens que "sentem" como eu as encrencas em que se meteu a Arte a partir do Modernismo. Não vejo a necessidade de promover uma "volta geral" a antigos valores artísticos, pois "muitos são os caminhos que levam ao Senhor", mas a minha luta, assim como a de vocês, é no sentido de que a nossa Arte Realista continue a ser valorizada como sempre foi no passado. Dizer que uma obra realista é "feia" ou "ultrapassada" é, para mim, entregar um certificado de burrice e ausência de afeto pela Beleza natural do mundo que nos cerca. José, o seu texto foi o primeiro que se harmonizou completamente com os meus pensamentos e sentimentos nestes 9 anos que mergulhei no mundo das artes plásticas. Obrigado por vocês todos existirem e expressarem seus sentimentos através da forma realista. Que viva o Realismo para sempre!

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    1. Obrigado, amigo! Não temos a pretensão de que a arte realista se instaure novamente como algo acadêmico, nem acho que isso seja necessário. Apenas estamos indagando porque as oportunidades para mostra de trabalhos não sejam mais democráticas. Às vezes penso que a arte contemporânea ainda não esteja tão convicta dos seus ideais, que talvez ela mesma não saiba onde queira chegar. Abrir espaços para a arte realista é uma ameaça que muitas correntes contemporâneas não querem correr o risco. Parece até uma ironia, mas a arte contemporânea se instaurou como o novo modelo acadêmico e monopolizou o mercado e as opiniões. A história é assim mesmo, vai se repetindo... Mudam apenas os líderes e a massa a ser manobrada!

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  6. José, parabens pela materia.

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    1. José Antonio, obrigado.
      Obrigado também pela vinda por aqui.
      Grande abraço!

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  7. Se nos atermos ao significado real de "contemporâneo', esta exposição é a fina flor da arte contemporânea. Uma arte que expressa não somente o melhor da pintura, na sua busca pela beleza, mas todo o anseio de todos aqueles que hoje apreciam o que há de verdadeiro na arte. "Arte Contemporãnea', quando usada para nomear a 'arte oficial', é, para mim, apenas uma apropriação indevida do termo, que está longe de representar a grande parcela da produção artística atual, contemporânea no sentido real.

    Parabéns pela matéria José!

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    1. Obrigado, Ari. Um dos requisitos para ser contemporâneo é estar vivo, presente. Nesse sentido, todos nós artistas que vivemos esta época somos contemporâneos. Comungar estilos que vão de encontro às realidades de cada é o que nos torna, além de contemporâneos, atuantes.
      Queria que não precisássemos muito de rótulos para fazermos aquilo que mais gostamos: Arte.
      Um grande abraço, amigo!

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  8. Muito bom! É até estranho pararmos e ver ao ponto que chegamos, de ter duvida inclusive se a arte deve ser bela... Bem se conseguimos chegar aonde estamos, conseguiremos subir novamente, como foi feito tantas vezes na historia. Juntos podemos muito, e tudo bem que o feio e o entorpe faz parte da vida, sempre haverá esses dois lados, mas no momento que podemos escolher qual promover, nao entendo porque ainda se escolhe o depressivo ao invés da felicidade, e acredito que por mais que nao se assuma, qualquer ser humano quer profundamente essa felicidade, e a arte só tem a reforçar isso

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    1. Também já me perguntei várias vezes porque alguns segmentos da arte atual insistem na proposta de chocar desnecessariamente. Optei por não gastar mais tempo em tentar encontrar uma explicação.
      Pela participação nos comentários, percebo que há muita solidariedade naquilo que acredito.
      Gosto de citar um trecho de uma escritora amiga minha, aqui de Dionísio mesmo. O nome dela é Simone Neves:

      "Valei-me eruditos
      Que como eu, acreditam na poesia da vida
      Que come eu, ainda não aprenderam a malícia do viver em sociedade..."

      Tenho visto pelo mundo uma maldade que não descansa, que vem minando a todos os segmentos. A Arte já não está imune à ela. Que saibamos não nos contaminar por ela!
      Estamos evoluindo, e isso é bom!

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  9. José Rosário; já ouvi de algumas pessoas," pintar paisagem é cafonisce,a moda é quadros decorativos". Pra mim este conceito é o que estar sendo incutido nas mentes atuais, e também como você falou, a preocupação em VENDER, a busca apenas do capital. A escência, a beleza, a composição e a mescla de cores, seus efeitos, é sem valores para muitos atravessadores e galeristas. Acho também que muitas das escolas de arte, principalmente as universidades, tem parcelas de culpa para onde se caminha a arte de hoje, afirmando que qualquer um pode ser artista, basta apenas querer e acreditar, assim ensinando verdadeiras babozeiras.
    Pratico e vivêncio a pintura a óleo a 23 anos, buscando valores e detalhes no ao vivo, sou paisagista, e fico muito feliz em ver e ler um texto como esse redigido por sua pessoa, onde foca o resgate dos VALORES da Pintura desde o renascimento até os incríveis IMPRESSIONISTAS, vejo também desta forma meu caro amigo artista. Gostaria muito de um dia poder participar de uma exposição com vocês defendendo esta temática.
    Grande abraços, a você, e ao grupo "realismo hoje".
    Sem mais, o artista Edmar SALES (PERNAMBUCANO).

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    1. Pois é, Edmar, acabei levando uma questão que se tornou até um pouco polêmica. Como disse antes, esses debates são bons pois atestam que estamos vivos e marcam nossas presenças como seres que pensam e acreditam em algo. Não há que se rivalizar nenhum estilo nem tendência, a liberdade conquistada no último século é inquestionável e é ela que nos permite a tolerância do convívio. O que não é suportável é a indiferença com que todos os espaços para exposição tratam a arte figurativa mais voltada para uma leitura clássica. É o mesmo comportamento que sofria o movimento modernista quando ele começou.
      Já estamos na esfera do diálogo, o que é muito bom!

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  10. Preferirei sempre uma simples mas compreensível paisagem a uma obra que eu nem sei qual o lado certo de pendurar na parede, caso esta não tenha o suporte atrás.

    A arte deve ser bela sempre, mesmo que essa beleza esteja se tornando anacrônica para alguns.

    Ps:
    José, desculpe se passei batido mas não consegui identificar onde foi (ou está sendo) realizada esta bela exposição.

    Abraço.

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    1. Obrigado pelos comentários, Márcio.
      Quanto à exposição, está acontecendo em Brasília e poderá encontrar o convite com todos os dados numa matéria anterior intitulada REALISMO HOJE, quando convidei a todos com antecedência.
      Ficará no Instituto Seraphis até o dia 8 de dezembro.
      Grande abraço e obrigado pela vinda!

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  11. Parabéns pela sua obra, eu aprecio bastante a arte realista e achei o seu trabalho maravilhoso. Concordo totalmente com seu texto. A arte de hoje segue um caminho incompreensivo para a maioria das pessoas. Como você falou, parece que séculos de desenvolvimento de toda uma base acadêmica teve que ser jogada no lixo. Para mim o motivo disso foi o jeito que o mercado encontrou para impor uma estética "moderna" que marginalizasse todas as outras vertentes. Mas tudo faz sentido, a meu ver, é muito mais fácil para o mercado fabricar um novo gênio que derrama chocolate sobre fotografias, sendo apresentado como algo revolucionário. Do que apoiar artistas que dedicam uma vida pesquisando e desenvolvendo uma forma de arte mais elaborada com um gral maior de complexidade. Com a desculpa do modernismo qualquer coisa pôde ser considerada arte e isso foi bem conveniente para os gestores desse mercado, pois valorizando apenas uma estética abstrata, estes puderam ter o controle sobre tudo. Assim um pequeno circulo de "notáveis" podem estabelecer as regras e julgar o que deva ser considerado bom ou ruim e o mais importante determinarem “ o valor de mercado”.

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    1. Entendo suas colocações, Paulo. Penso que estamos fazendo hoje um movimento que venha respeitar as "liberdades" em todas as manifestações possíveis. Sem induzir a ninguém, deixem que as pessoas escolham aquilo com o que se identificam mais. Esse direito tem sido muito perseguido nos últimos tempos.
      Um grande abraço!

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  12. Olá José,

    Gostaria de agradecer pela generosidade em dividir tantas informações. Confesso que já estive muito desesperançada quanto à arte, mas suas postagens me deram novo ânimo. Fico feliz em ver que há quem ainda acredite na beleza. Creio que uma verdadeira obra de arte inspira encantamento e comoção, e é uma forma de redenção pela bondade e pela verdadeira beleza. Vou copiar um escritor americano de livros de arte (Virgil Elliott) quando este diz ninguém que já tenha alguma vez tentado pintar consegue evitar um profundo sentimento de reverência diante das obras dos mestres. Outra história que descreveria bem meu sentimento em relação à arte é a da frase de Van Gogh, referindo-se ao quadro "A Noiva Judia" de Rembrandt: "Daria de bom grado dez anos da minha vida para poder permanecer sentado em frente a esse quadro durante dez dias seguidos tendo uma casca de pão por único alimento".

    Acredito que é possível, com profundo respeito ao estudo, à técnica e ao trabalho dedicado, produzir arte com excelência e qualidade. Não pode existir expressão sem respeito ao arcabouço técnico, motivo pelo qual um artista precisa se esforçar em ter uma sólida base, para saber manipular os materiais e procurar dominar os conceitos básicos do meio que utiliza. E sobretudo, ter respeito pelos ideais que você citou, de beleza, bondade e justiça, sem os quais não nos sentiríamos tocados da sublime admiração como a descrita por Van Gogh diante da obra de Rembrandt.

    Realmente, muito obrigada.

    Lis

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    1. Olá Lis, também acredito que é possível produzir algo que tenha a linguagem e as propostas de hoje, sem esquecera referências do passado, que nos permitiram chegar até aqui.
      Obrigado por vir e grande abraço!

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    2. Cara, que paixão você tem pela arte, parabéns!
      O mundo deveria ser como você, tudo é arte, assim poderiamos, então, viver em um planeta de tranquilidades.

      sandra - CE

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    3. Não custa son1har, não é mesmo?
      Grande abraço!

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  13. Concordo com você,no que se refere à super valorização da arte comtemporânea do ponto de vista conceitual.Acho que tem seu espaço e seu valôr, concordo também que parece haver uma certa preferência dos condutores da arte para este estilo.Sempre achei que quem consagra um artista é o povo que absorve a arte.Eu como sou de uma geração mais antiga, não consigo absorver deteminadas manifestações artisticas conceituais, o que não quer dizer que as vezes me sinto tocado por elas.A arte sempre refletiu o pensamento atual,sinto que tudo esta muito confuso,talvez isto reflita nas artes.Acho que só o tempo vai definir e selecionar o que realmente tem valôr.Enquanto isso cabe a cada um de nos continuar manisfestando nossos sentimentos através da arte sem se preocupar com a valorização.Estamos todos no mesmo barco.O importante é continuar lutando com dignidade e deixar que as coisas tomem o rumo naural.Não existe arte sem conflitos.São esses conflitos que sempre abrirâo espaço ao novo."Pinto como se estivesse escrevendo páginas de meu diário,se serão lidas ou não,não cabe a mim decidir"Picasso.

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    1. Pois é, não nos cabe decidir sobre o destino daquilo que produzimos. O mundo selecionará a mensagem que melhor fala a linguagem da sua época. Que não percamos a natureza como foco em nossas produções. Quando nos deixamos orientar verdadeiramente por ela, dificilmente erramos.
      Grande abraço!

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