sábado, 16 de janeiro de 2016

JEAN BÉRAUD

JEAN BÉRAUD - Uma avenida parisiense - Óleo sobre tela - 39,7 x 56,5

JEAN BÉRAUD - Carruagens no Champs-Élysées
Óleo sobre tela

Um dos principais pintores da vida parisiense do século XIX, na verdade nasceu na Rússia. Jean Béraud nasceu a 12 de janeiro de 1849, em São Petersburgo. Filho de pai escultor, que faleceu bem cedo, quando ele ainda tinha apenas 4 anos, mudou-se para a França com a mãe e seus irmãos, e acabou por se tornar assim um cidadão francês. Passaria ali o resto de sua vida.

JEAN BÉRAUD - Retorno do funeral - Óleo sobre tela - 66 x 53,3 - 1876

Jean Béraud formou-se em Direito no Liceu Bonaparte e as primeiras lições de arte na Escola de Belas Artes de Paris, sob os cuidados de Léon Bonnat. Sua primeira participação no Salão de Paris se deu em 1872, mas, somente em 1876 viria a ter um reconhecimento maior com a obra Retorno do Funeral. Várias outras participações no salão se sucederam, além da participação na Feira Mundial de Paris, em 1889.

JEAN BÉRAUD - La Patisserie Gloppe au Champs Élysées - Óleo sobre tela - 1889

JEAN BÉRAUD - Après l'Office à l'Eglise de la Sainte-Trinité
Óleo sobre tela - 1900

A Belle Époque inspirou a maior parte da produção de Béraud, num estilo que conseguiu mesclar a exata transição da arte acadêmica com o impressionismo, movimento do qual não participou, mas que foi contemporâneo. Das condecorações, o título de cavaleiro da Légion d’honneur, cedido a ele em 1894, foi a mais marcante. Pintor cuidadoso e que por vezes ironizava algumas cenas em suas composições, era popular. Infelizmente, não muito aceito em seu próprio tempo pela crítica especializada. Muitos historiadores da época o ignoravam completamente, acusando suas obras de frívolas demais, como que alusivas a uma vida consumista, típicas do rico gosto das classes médias. Enquanto a maioria dos artistas impressionistas se concentrava nos arredores de Paris e na vida rural, Béraud escolheu a vida urbana e seus cotidianos. Mais tarde, essa temática tornaria moda em Paris.

JEAN BÉRAUD - Fachada do Vaudeville Theatre, Paris
Óleo sobre tela

JEAN BÉRAUD - Marselhesa - Óleo sobre tela - 37,5 x 55,8 - 1880

Tinha uma vida social agitada. Nos anos finais do século XIX, quase não achava tempo para produzir seus trabalhos, devido ao envolvimento em inúmeros comitês de exposições, incluindo o Salon de la Société Nationale. Mas, fazia tudo de bom grado e sentia a vida lhe sorrir. Nunca se casou e também não teve filhos.

      
Esquerda: JEAN BÉRAUD - Cena de uma rua de Paris - Óleo sobre tela
Direita: JEAN BÉRAUD - Numa manhã - Óleo sobre tela
Abaixo: JEAN BÉRAUD - No estúdio - Óleo sobre tela


As cenas de Paris do século XIX tornariam mais da metade de toda a sua produção, além dos retratos, dos quais realizou cerca de 200. Gostava de todos os assuntos ligados à classe média, não media esforços para representar em suas obras o gosto refinado das mulheres pelas novidades da moda, bem como as cenas descontraídas de cafés e praças. Paris era efervescente em todos os aspectos e isso encantava Béraud. A cidade atraía artistas de todo o mundo e o turismo já era uma fonte de renda respeitada, mesmo para aquela época. Assim como Manet, de quem tornara-se amigo, Béraud sempre preferiu os temas urbanos, e pintar as ruas de Paris e seus transeuntes, foi o que mais lhe fascinava nos primeiros anos de pintura.

JEAN BÉRAUD - O cão branco - Óleo sobre painel - 16,5 x 42,8

JEAN BÉRAUD - O júri de doutorado - Óleo sobre tela - 63,5 x 48,3

Paris, nos anos finais do século XIX, já carregava o título de cidade referência dos tempos modernos e seus governantes já estavam antenados para isso. Para eles, era uma questão de honra, merecer o título de cidade inovadora dessa nova era. Haussmann abre novas e largas avenidas pela cidade, além de construir o luxuoso Opera Garnier, bem como a Torre Eiffel, que viria a ser a vedete principal para a exposição mundial no fim daquele século. A obra, que inicialmente seria temporária, atraiu tanto a atenção, que acabou por virar parte da cidade. Hoje, é inconcebível pensar Paris sem ela. Radicalmente oposto aos impressionistas, que refugiaram nas zonas rurais, para fugirem dessa efervescência, Béraud aproveita exatamente dessa época intensa para retratar a cidade. Como um artista incansável, pinta nos Champs-Élysées, Les Hales, Montmartre e também no Sena. Ele é o artista dos encontros sociais, dos elegantes guarda-chuvas, assim como dos trabalhadores ocupados e dos boêmios nos bares e cafés. Chega a ser um retratista de sua época e suas obras nos mostram uma Paris elegante e aberta às novidades.

JEAN BÉRAUD - A Igreja de Saint-Philippe-du-Roule, Paris - Óleo sobre tela - 59,4 x 81

JEAN BÉRAUD - A Ponte Neuf - Óleo sobre tela - 39,3 x 47,9

JEAN BÉRAUD - A entrada para a Exposição Universal - Óleo sobre tela

Juntamente com Rodin, Joseph Meissonier e Puvis de Chavannes, Béraud foi um dos fundadores da Sociedade Nacional de Belas Artes, em 1890. Sociedade da qual se tornou vice-presidente. Era um cidadão com participação ativa em sua cidade. Amigo de Marcel Proust, foi uma de suas testemunhas em seu duelo em Meudon, travado com Jean Lorrain, em fevereiro de 1897.

JEAN BÉRAUD - Boulevard des Capucines - Óleo sobre tela - 50,8 x 73


Jean Béraud faleceu no dia 4 de outubro de 1935, em Paris. Seu corpo foi enterrado no cemitério de Montparnasse, ao lado de sua mãe. Mais do que um cidadão parisiense por opção, amou aquela cidade como poucos fariam.

JEAN BÉRAUD - Autorretrato
Óleo sobre tela - 100 x 65 - 1909

2 comentários:

  1. Não tenho palavras para expressar.... fico pasmo cada vez que admiro suas cenas...
    Beraud!!! demais!
    Abração meu amigo, tudo de bom!

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    1. São inspiradores realmente.
      Grande abraço, Vidal. Tenha ótima semana!

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