domingo, 6 de novembro de 2011

CONTEMPORÂNEOS RECENTES

Mais um texto contribuído por José Geraldo de Araújo Castro, morador aqui de Dionísio, atento leitor do blog.

MAURO FERREIRA - Fumaceira,Sabará
Óleo sobre tela - 46 x 75

Em um certo país que fez do seu desenvolvimento sobre rodas, a sua meta,  faltam estradas. Anos atrás, um político jovem e vaidoso no exercício de seu mandato dessa grande nação, qualificou os veículos produzidos lá de carroças. Hoje, são montados carros de qualidade, fabricados com alta tecnologia, para trafegarem em vias perigosas e esburacadas. São inúmeras as estradas assassinas, que ceifam centenas de vidas e geram um custo anual enorme para a já comprometida previdência social. Mas, os políticos fingem que não veem, viram as costas para a solução da urgente necessidade.
Num passado recente, havia uma malha ferroviária considerável cobrindo grande parte do território, mas, infelizmente, foi sucateada sem que construíssem outra.  Houve, recentemente, outro político, não menos vaidoso e ambicioso, pregando a necessidade da construção de um trem-bala ligando  duas importantes cidades desse país, a um custo estratosférico. Insistia em convencer uma nação descrente de seus políticos, a possibilidade de seu projeto messiânico. Entretanto, à margem dessa discussão, ferrovias importantes que deveriam ser construídas para o escoamento da produção do país, como também, alternativa para o transporte de passageiros, ficam esquecidas. O gargalo da logística para exportação continua gerando prejuízo incalculável para o país.
No tempo em que havia as convencionais ferrovias, a correspondência chegava ao lugarejo onde morava, pela maria-fumaça de uma cidade próxima. A correspondência seguia em lombo de burro até o correio local. Não havia carteiro. O destinatário de cada uma tinha que buscá-la na pequena agência.
Nesta época, um jornal da capital federal, chamado Correio da Manhã, já extinto, chegava nesse lugar com uma semana de atraso. Lembro o meu avô, sempre bem informado, na varanda, pela manhã, sentado em sua cadeira de balanço, procurando ávido e ansioso, novidades e informações novas, entre tantas notícias velhas.
Mas, hoje, as informações chegam instantaneamente no trem-bala da internet. Nossa residência é a estação permanente.
Por isso podemos, hoje, através do computador, adquirir incontáveis informações. Esta janela eletrônica nos possibilita um contato direto com o mundo e com as artes. Nesse país onde os poucos museus que existem são programas para velhos, galeria de arte é capricho de rico, o teatro é, certamente, coisa de intelectual ou descolado. Essa possibilidade colocada ao nosso dispor é uma dádiva. Conhecer os grandes mestres da humanidade através da rede é relativamente fácil e não deixa de ser gratificante.  Descobrir o trabalho desenvolvido pelo artista contemporâneo, que participa ativamente deste blog, somente é possível através desta democrática e ampla possibilidade proporcionada pelo seu criador.
Todavia, conhecer aqui estas obras não deixa de ser uma experiência enriquecedora. O homem pode ser rude e limitado em seu conhecimento, mas é suficientemente sábio para  entender e reconhecer a beleza contida em uma obra de arte. A arte dispensa apresentação, fala por si mesma.
A pessoa leiga, sem entender a técnica e o trabalho sofisticado, que desfila nessa tela, pode apreciar o esmero, a beleza e sutileza da obra de cada um postada aqui. Esta qualificada arte anônima para a maioria, até recentemente, e elaborada com o requinte desses artistas – contemporâneos recentes para todos - é agora companheira permanente do   interesse e da admiração, proporcionada por sua beleza,   e acompanhada com merecida amplitude. Ao contrário dos grandes e consagrados mestres da humanidade, os trabalhos mostrados estão acessíveis a todos.  Os amadores admiradores da arte, constituídos de incontáveis leigos, certamente, reconhecem o talento de todos, procurando sempre, nesse campo fértil, aprender e enxergar a beleza da obra e do trabalho de cada um, permanentemente. Esses artistas contemporâneos constituem uma realidade palpável para todos, enquanto os grandes mestres são uma miragem.
A característica intrínseca contida na obra ou no trabalho de cada artista,  expostos aqui, são assimilados gradativamente pela sensibilidade coletiva, sendo possível  acompanhar os traços marcantes  de sua evolução.
Os textos didáticos e bem elaborados direcionam a compreensão da temática, idealização, elaboração e textura dos materiais empregados, na construção de cada obra.
Sendo como são, de lugares tão diferentes, sem esta poderosa e universal ferramenta, dificilmente compartilharíamos da variedade e beleza da arte refinada de cada um.
Bem, aqui na minha estação, sentado na velha cadeira, forrada de tecido preto, mas confortável,  aguardo, grudado na tela, a chegada do próximo trem.

MAURO FERREIRA - Fumaceira
Óleo sobre tela - 46 x 75

Agradecimentos ao José Geraldo
por mais essa preciosa colaboração.

4 comentários:

  1. Show de bola! O blog, pinturas e texto são nota 10! Parabéns. Abraços, Emilio

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  2. Emílio, obrigado por passar por aqui. Grato também pelo seu comentário.
    A gente se vê mais vezes. Grande abraço!

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  3. Parabens, J. Rosário, por sua iniciativa.
    Um abraço.

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