SÉRGIO HELLE - Acqua
Mista sobre tela - 142 x 142 - 2009
Percebemos a consistência da obra de um artista pela coerência de sua trajetória. É a sua proposta, cuja própria imaginação alimenta com persistência, que nos diz a que veio e se faz isso com objetivo. Coerência e consistência não faltam na obra de Sérgio Helle, artista da cidade cearense de Fortaleza. As suas fases, exploradas durante sua trajetória, nos apontam que há um bom tempo, já possui uma arte focada e com bastante objetivo.
SÉRGIO HELLE - Paixão
Infogravura - 200 x 106 - 2001
SÉRGIO HELLE - Sonho desfeito
Mista sobre madeira - 100 x 100 - 2002
Sua primeira fase, Abraços, que lhe montou material para sua primeira individual, em 1988, já apontava os rumos de sua arte coesa. Inicialmente tradicional, em óleo sobre tela, foi absorvendo com o passar do tempo, novas técnicas e materiais. Reflexos de uma linguagem atual e de um artista que não se prende a conceitos e experimenta sempre novas linguagens. Os experimentos iam desde aplicações de cópias xerox até o advento da infogravura, que segundo ele próprio, avançou rápido, num espaço de tempo bem curto. Tirou bons frutos dessas experiências e fechou a fase com Abraços de Cinema, não que esgotasse o tema, mas porque já ensaiava novas propostas.
SÉRGIO HELLE - O diário de Annais Nin
Infogravura - 74 x 120 - 2001
SÉRGIO HELLE - Saudade
Infogravura - 53 x 170 - 2001
Tais propostas tomaram forma em Sonhos, numa Individual do Centro de Convenções, realizada no Festival Vida e Arte, em 2005. É ainda a utilização de várias técnicas, que faziam da computação a base central de todas elas. Colagens, plotagens e outros meios que exploravam o uso da figura feminina, todos tendo como base, a poesia de Florbela Espanca. Já era o indício de uma obra mais contemporânea, com a linguagem muito bem adaptada para os diálogos artísticos atuais e que comprovam um amadurecimento artístico visível.
SÉRGIO HELLE - Sonho
Mista sobre tela - 100 x 130 - 2003
SÉRGIO HELLE - Flores moles
Infogravura - 124 x 76 - 2005
Nas duas fases anteriores, o trabalho de Helle já dava indícios que a figura tinha sua importância, mas também já dividia a composição com seus muitos adereços, tanto que uma nova fase surgiu, Dobras Moles. Veio naturalmente da vontade de explorar o que antes era o fundo de suas composições, dobraduras e panejamentos muito bem compostos. Tendem a nos enganar o olhar, ora quase que hiperrealistas, ora quase abstratas, mais uma vez nos mostrando que a versatilidade é um atributo de poucos.
SÉRGIO HELLE - Acqua X - Mista sobre madeira - 72 x 160 - 2010
SÉRGIO HELLE - Acqua XI - Mista sobre madeira - 140 x 110 - 2010
SÉRGIO HELLE - Acqua XI - Mista sobre madeira - 140 x 110 - 2010
O coroamento de todas essas experiências veio com Acqua, sua mais nova fase. Lançada na Galeria Mariana Furlani, em 2010, e que deu origem a um livro impecável, lançado recentemente. A figura humana volta a habitar suas composições, mescladas mais uma vez com dobraduras e panejamentos. O diferencial está em fazer isso numa superfície que não é nada tradicional, a água. O resultado é quase surrealista, e com visões muitas vezes, quase abstratas. Como ele próprio afirma: “A água desvenda novos ângulos de visão, com seus reflexos e suas lentes, por onde as cores e formas são distorcidas, ampliadas e desfocadas, criando novas imagens, que por momento, o olho se perde da figura e encontra a abstração”. A inspiração de tais trabalhos, vieram de ensaios fotográficos realizados por Nicoline Patrícia.
Quando vemos a persistência de artistas como Helle, nos damos conta de como são fortes as propostas daqueles que tem a mente focada no que fazem. Felizmente, são artistas assim, que nos fazem confirmar o quanto Platão estava errado, em tentar expulsar os artistas da comunidade. Ele tinha uma visão política e prática para as relações sociais. Platão achava que os artistas tem o dom de iludir e enganar, fugindo da proposta maior do Estado, de viver para as necessidades básicas. Com os artistas começam a surgir desejos luxuosos, segundo ele, desnecessários e sem a menor utilidade. Mas foi um aluno seu, Aristóteles, quem defendeu que o uso da imaginação fazia criar um mundo paralelo, capaz de melhorar o mundo real. Afinal, somos seres diferentes apenas não porque sobrevivemos como outros animais, mas porque temos a opção de qualificar essa nossa sobrevivência. A arte, segundo Aristóteles, permite uma melhor qualidade de vida.
Sérgio Helle, e muitos outros artistas que surgiram desde então, em diversas partes do mundo, confirmam o quanto podem tornar a vida melhor, com a socialização de suas visões. E que elas sobrevivam em muitas fases, tantas quantas forem possíveis.
Sérgio Helle, e muitos outros artistas que surgiram desde então, em diversas partes do mundo, confirmam o quanto podem tornar a vida melhor, com a socialização de suas visões. E que elas sobrevivam em muitas fases, tantas quantas forem possíveis.
PARA SABER MAIS:
...texto enxuto e obra maravilhosa desse artista super atual! lindas cores e formas expressivas!!
ResponderExcluirBeth Ferraz.
Foi uma grata surpresa encontrar o trabalho do Helle, Beth.
ResponderExcluirGrande abraço!
Olá! José Rosário,
ResponderExcluirExcelente artista! E Belo Post como sempre.
Um abraço!
Gilberto, obrigado por mais essa visita.
ResponderExcluirGrande abraço!
Que bela obra!"Acqua"é refrescante!Abraços JR
ResponderExcluirInteressante essa sua observação, Andréia. Toda a série tem tons azuis, que transmitem mesmo essa sensação refrescante.
ResponderExcluirAbraços a todos aí!