sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

ENTÃO, É NATAL!

GIOVANNI BATTISTA TIEPOLO - Natividade
Óleo sobre tela - 1732 - Basílica de San Marco, Veneza

Mais um ano chega ao fim, e sempre nessa época, por um motivo especial, se faz necessária uma pausa. Que não precisa ser necessariamente envolta por um motivo religioso, porque crer é uma experiência pessoal e intransferível. Você jamais poderá sentir o quanto crê uma outra pessoa e ninguém jamais irá experimentar o tamanho de sua fé.
O natal é uma comemoração naturalmente cristã, que o mundo aprendeu a absorver, por causa dessa necessidade de pausa e introspecção que a data nos possibilita.
Dentro desse espírito de fim de ano, movidos pelas razões mais especiais e mais sinceras, possamos deixar um espaço em nós, para a oportunidade de um mundo melhor e mais fraterno.

Segue abaixo um texto enviado por José Geraldo de Araújo Castro. Tem uma visão cristã, voltada ao catolicismo, mas comunga o mesmo desejo de muitos de nós, mesmo que tenhamos outros credos.

BARTOLOMÉ ESTEBAN MURILLO - A adoração dos pastores
Óleo sobre tela - 197 x 147 - 1650
Museu Hermitage, São Petersburgo

A NOITE DE NATAL
(José Geraldo de Araújo Castro)

O Natal com sua aura peculiar consegue envolver a todos com os mais nobres e elevados sentimentos.
A árvore de natal ornamentada no canto da sala, com suas luzes cintilantes, um presépio todo iluminado na outra extremidade, e a família reunida conversando alegremente assentada, em volta, estampam todo encantamento e magia do colorido e comovente acontecimento do natal, com todo o significado de fé e confraternização universal que ele representa.
Crianças e adultos alegres em todos os lares aguardam a chegada da festiva e especial noite. Alegria que se repete ao longo dos milênios trazendo sempre a mesma expectativa de um mundo novo e melhor. Não é somente o presente ansiosamente aguardado à lembrança constante das mentes preocupadas, mas sobretudo, a perspectiva acalentada de uma transformação eficaz na vida de cada um. O sonho permanente da possibilidade de relacionamento fraterno será sempre uma busca constante da humanidade. Apesar das guerras, catástrofes, dos desgovernos, do abuso de poder, do egoísmo reinante, da falta de solidariedade, do materialismo avassalador, da indiferença absoluta com o próximo, esta chama conserva sempre acesa no íntimo de cada um, resistindo a todos os obstáculos, no embrutecido e árido coração humano.   
A época pode ser chuvosa, a nevasca abundante, ou o brilho faiscante das estrelas sob um céu tropical. Ouvem, mais uma vez, fascinados, os sons dos sinos das renas, que anunciam ao longe, dentro da noite alta, a chegada de papai noel trazendo  presente e esperança .
O presépio armado, com a fé e o carinho das famílias, num canto privilegiado e de destaque da casa, preserva a contínua lembrança da festa mais significativa da cristandade. Modesto ou grandioso será sempre uma manifestação e uma fervorosa homenagem ao Menino Jesus. Nos lares onde o presépio é armado há uma frenética atividade no ceio da família e muita alegria e expectativa para as crianças. As casinhas de madeira, ladeadas de um bosque imaginário, compondo a rua dos sonhos,  repleta dos mais variados bichinhos, junto com reis e pastores  lembram  a merecida adoração à gruta humilde onde hospedam, singelamente, a Sagrada Família. As crianças acompanham extasiadas e cheias de merecida expectativa a conclusão do presépio. Afinal é noite de natal e o Papai Noel não deve tardar.
Nos países tropicais os pinheiros não são árvores que compõem sua paisagem.  Mesmo assim, adquirindo o gosto e o hábito da comemoração de outros povos, eles passaram a integrar maciçamente o costume nas comemorações natalinas. Em muitas casas onde a tradição e a fé deram lugar a praticidade ou ao modelo importado de festejar, há sempre na sala, grande ou pequena, uma árvore de natal simbolizando a festa próxima. Árvores enfeitadas, com luzes de tons variados anunciam com seu brilho intenso a promessa de alegria anunciada. O ápice desta festa é coroada com uma ceia. Para os lares abastados são realizados autênticos banquetes de finas iguarias e caras bebidas. Nas humildes residências, muitas vezes o natal não tem mesa e nem presentes. O orçamento minúsculo dessas famílias não permite nenhuma ousadia de consumo, muito menos, a menor possibilidade de devaneio. Se a diferença econômica é um divisor de água entre essas famílias, um espírito de plena amplitude as entrelaça num sublime sentimento, de bondade e amor.  Entretanto, o sentido religioso cedeu espaço ao comercial. Houve uma época em que a oração junto ao presépio sobrepunha a comemoração, com o lúcido sentido do significativo momento.  
Junto com as casas a cidade também se veste de cores e brilho para a importante e aguardada festa. Os motivos natalinos são mostrados com brilho pelo interesse geral, muitas vezes, divorciados da fé.
Independentemente da alegria, interesse ou entusiasmo é, sem dúvida, o espírito generoso, que envolve a todos, e constitui o natal. Aliás, é o espírito natalino que nos conduz de forma mágica para esta alegre celebração aflorando, em nossos corações, vibrações renovadas para uma repetida e diferenciada festa antiga.

Nesta noite alegre e luminosa, torçamos para que o Menino Deus possa enviar no trenó mágico e encantado do Papai Noel, além dos presentes das crianças, inúmeros pacotes para serem abertos e derramados com equidade, entre fitas coloridas de infinita bondade, fraternidade, sincera amizade, nos corações dos homens. Que a noite venha envolta com o brilho intenso das luzes multicores da alegria, e que a paz seja perene. Não custa sonhar, afinal é noite de natal.


José Geraldo de Araújo Castro é mineiro
da cidade de Dionísio.

2 comentários:

  1. Olá Rosário...aproveito o tema, para deixar aqui meu abraço de Natal pra vc e dizer que espero em 2012 continuar saboreando seus textos e lindas telas !!abraços
    Beth Ferraz.

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  2. Olá Beth, eu que agradeço a presença de sempre e pela sua participação, que tanto estimula estar por aqui mais um ano.
    Grande abraço, muita saúde e paz, que já é mais que o suficiente!

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