segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

MIGUEL ACEVEDO

MIGUEL ACEVEDO - Pescador em Benbézar
Óleo sobre tela - 50 x 73

MIGUEL ACEVEDO - Proximidades de Estepona
Óleo sobre tela - 54 x 81

Até o início do século XIX, o paisagismo ocupou um lugar bem modesto dentro da hierarquia dos gêneros pictóricos. Em parte porque a arte ainda estava restrita a um público mais burguês, outro porque os grandes movimentos de libertação na história da arte estavam por começar, no decorrer de todo o século que se iniciava. À partir do Romantismo é que se iniciou um progressivo reconhecimento que acabou se convertendo, naturalmente, em um dos gêneros mais cultivados, valorizados e porque não dizer, inovadores. A paisagem era o ambiente perfeito para o realismo, naturalismo e mais tarde para o Impressionismo, que lhe faria referência maior.


MIGUEL ACEVEDO - El Sinpecao, Creua el Quema
Óleo sobre tela - 73 x 100

MIGUEL ACEVEDO - Paisagem bucólica, Vale do Boi
Óleo sobre tela - 46 x 65

À medida que a paisagem adquiria uma certa relevância, esperava-se que reflexões teóricas sobre seus valores, suas funções e seus critérios, evoluíssem também,  proporcionalmente às suas abrangências conquistadas. Isso de fato não aconteceu. As poucas teorizações que se produziram tinham uma preocupação maior com a prática, e por vezes se tornavam sempre superficiais. O gênero não adquiriu; como o estudo da figura humana, por exemplo; uma maior atenção e um campo que não fosse tão underground. Tais mudanças só viriam a se tornar mais perceptíveis à partir da segunda década do século XX, mas aí, uma grande quantidade de estilos e tendências acabaram por distrair um pouco da atenção que merecia esse gênero, tão importante na história da arte.


MIGUEL ACEVDO - Luz de tarde
Óleo sobre tela - 38 x 55

MIGUEL ACEVEDO - Praia em Astúrias
Óleo sobre tela - 50 x 65

A Espanha é uma das provas de como essa disparidade de outros estilos com relação à paisagem, era tão evidente. Até o século XIX, houve no país uma maciça valorização de gêneros que priorizassem o uso da figura humana, prova que todos os grandes mestres até essa fase eram notadamente ótimos figuristas, a destacar Velásquez, Goya, El Greco e Murillo. A paisagem espanhola conheceria grandes nomes exatamente no século XIX, vale lembrar Luís Rigalt, Joaquim Vayreda e Ramon Martí Alsina, ótimos artistas catalães que foram uma espécie de precursores desse tema no país. Com o Impressionismo, novos nomes aderiram à lista, entre eles Mariano Fortuny e Federico de Madrazo. Mas o grande impulso, talvez o maior de todos, foi protagonizado por Carlos de Haes e Martín Rico e Ortega, principalmente Haes, que desempenhou o papel principal na divulgação da pintura ao ar livre. Sucederam então o apogeu de nomes como Aureliano de Beruete, Darío de Regoyos, até o ápice do Impressionismo espanhol, com Joaquín Sorolla y Bastida. Também incrementam a lista Ramón Casas, Santiago Rusiñol e Joaquín Mir.


MIGUEL ACEVEDO - Malas pulgas
Óleo sobre tela - 100 x 150

MIGUEL ACEVEDO - Entardecer
Óleo sobre tela - 73 x 100

Um dos nomes mais importantes da atual pintura de paisagens na Espanha é Miguel Acevedo, o artista dos espaços abertos, das grandes paisagens das montanhas ou do mar.


MIGUEL ACEVEDO - Pescando
Óleo sobre tela - 38 x 55

MIGUEL ACEVEDO - La vendimia
Óleo sobre tela - 54 x 73

Terceiro filho entre oito irmãos e irmãs, nasceu em 1947 e cresceu perto a Córdoba, na Espanha. O interesse maior quando começou os estudos se concentrou mesmo nos desenhos. Um fato curioso de sua adolescência foi a participação em um concurso de desenho e pintura. Disputou a prova com artistas bem mais velhos e experientes que ele. Mesmo usando apenas lápis de cor, ao passo que seus concorrentes já trabalham em óleo sobre tela, ganhou o concurso. Matriculado em uma escola de arte para iniciantes, concluiu um curso de 4 anos em apenas 2, tamanha sua habilidade e progressos precoces. Na sua juventude também sonhava em ser um toureiro, mas decidiu acertadamente pela pintura, já aos 16 anos.


MIGUEL ACEVEDO - La trilla
Óleo sobre tela - 38 x 55

MIGUEL ACEVEDO - Sol e sombra
Óleo sobre tela - 50 x 73

Em 1971 faz suas primeiras parcerias com galerias em Cijon e Córdoba. Em 1977, a Walt Disney Corporation recrutou-o para ensinar seus artistas como capturar a luz natural. Um bom desenho, bela composição e frescor são itens que ele considera indispensáveis numa obra. Foram os principais itens que introduziu aos artistas que supervisionava.


MIGUEL ACEVEDO - Passeando depois da tempestade
Óleo sobre tela - 38 x 55

MIGUEL ACEVEDO - A paz em Veneza
Óleo sobre tela - 42 x 59

Acevedo visita fazendas constantemente. Tem uma atração enorme pela pintura de animais, principalmente touros e cavalos. Também não abre mão de belas paisagens, das cidades européias que tanto ama e de cenas do oeste americano, que tanto aprendeu a admirar. O desenho é uma das suas características mais fortes, comprovada pela fluência de suas figuras e pela atmosfera que consegue envolver completamente a quem se empresta um tempo para admirar suas obras. Suas telas são verdadeiras janelas, que se abrem para provocar emoções e sensações diversas.


MIGUEL ACEVEDO - O burro empaca
Óleo sobre tela - 50 x 73

MIGUEL ACEVEDO - Pescadores, Valência
Óleo sobre tela - 38 x 55


Seus trabalhos podem ser encontrados em diversas coleções particulares da Espanha, França, Alemanha, Itália, México, Estados Unidos, Inglaterra, Venezuela e Cuba. Pérez José Guerra, famoso jornalista espanhol e editor da revista “El Punto de las Artes”, comenta o seguinte sobre o seu trabalho: “Diante das pinturas de Miguel Acevedo, sentimos a dinâmica na criação e crescimento, bem como a vida que registrou em suas marinhas, montanhas e pradarias. Acevedo é um artista maduro e honesto que capta a natureza e a ação do homem, bem como o ambiente de cada momento e a luz de cada hora. Com Acevedo, a luz é essencial; formas e cores, verdes, azuis, amarelos e vermelhos existem em um tema que move os cinco sentidos”.


           

           
Em cima, a esquerda:
MIGUEL ACEVEDO - Caçando em Collado Mediano
Óleo sobre tela - 81 x 116
Em cima, a direita:
MIGUEL ACEVEDO - Campo charro
Óleo sobre tela - 73 x 100
Em baixo, a esquerda:
MIGUEL ACEVEDO - Paisagem com touros
Óleo sobre tela - 50 x 65
Em baixo, a direita:
MIGUEL ACEVEDO - Nuvens de tempestade
Óleo sobre tela - 54 x 81

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Miguel Acevedo com uma de suas obras,
em abertura de exposição.

PARA SABER MAIS:

7 comentários:

  1. Um verdadeiro maestro das cores, acompanhado de um belo texto.
    Obrigado José!

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  2. Grande Pintor! Me fez lembrar Dario Mecatti!

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  3. Reider e Gilberto, obrigado pela visita.
    Quando encontro trabalhos como os de Acevedo, sinto que a arte figurativa tem ainda muito fôlego. E se torna impossível não compartilhar isso.
    Grande abraço a todos!

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  4. Excelente post, José.
    A pintura do Acevedo faz lembrar os tons usados pelo ótimo Alexandre Reider.
    Aliás, falando sobre a tua pintura, ouso dizer que vc é o melhor pintor de paisagens rurais que surgiu entre essa nossas montanhas depois do mestre Edgar Walter.
    Parabéns.
    Sou pintor em BH e gostaria muito que você visse e criticasse minhas modestas pinturas, o que seria uma honra para mim. Te enviarei algumas.
    Um abraço e até breve.

    Márcio Rodrigues

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  5. Olá Márcio, agradeço sua visita por aqui.
    Obrigado pelos elogios, mas sou consciente de que não os mereço. Há muita gente por aí e Minas é um celeiro de grandes paisagistas.
    Um grande abraço!

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  6. Cara, que pinturas incríveis, quem olha à primeira vista pode jurar que são fotos. Realmente um espetáculo!

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    1. Plenamente de acordo com você, Fábio. Obrigado por passar aqui e grande abraço!

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