Mais um conto enviado por José Geraldo de Araújo Castro, um colaborador do blog, quase que mensalmente.
Texto suave e bem provocativo.
VICENTE ROMERO REDONDO - Olesya - Pastel - 92 x 137
Na varanda a
confortável rede me envolveu, entre suaves balanços, naquela ensolarada e
quente tarde de verão.
Entre balanços, vi
passar aquela mulher e admirei sua silhueta esguia.
Os seus fartos,
delicados e finos cabelos, esvoaçantes na altura do ombro, permitiam que fossem
acariciados suavemente pela brisa morna vinda do mar. Aquela mulher, de rara
beleza, de rosto esculpido pelo deus da beleza, destaca caprichosamente, entre
tantas, reduzindo as outras a coadjuvantes distantes. Será que seus olhos são turquesa,
das cores paradisíacas dos mares helênicos? Ou será que são verdes, do brilho
esfuziante das águas tropicais? Porém, podem ser também, de vistoso e mais fino
ébano. E se eles são castanhos, da mais discreta folha-seca? Paralisado, seu
brilho intenso não me deixou perceber.
Só sei que são lindos. São duas estrelas brilhantes, da mais pura
vivacidade, fixados em uma constelação única e rara. Aquela mulher, que tem a
boca delineada de um vermelho vivo, envolve e desperta meu pensamento
libertino, repentinamente, mudando meu rosto pálido numa tonalidade rubra. Quando seus lábios abrem, mostram um brilho
inigualável de pérolas radiantes anunciando uma esfuziante e envolvente
alegria. Aquela mulher, de braços longos e torneados, são ornados e completados
com mãos delicadas, unhas longas e emolduradas em uma pintura discreta e de
suave brilho. Aquela mulher, com um lindo vestido de seda estampado, oferece aos meus olhos
ávidos, através do decote insinuante e generoso, o contorno de seus seios
exuberantes arfando suavemente no ritmo cadenciado de sua caminhada. Aquela
mulher, de cintura delgada, quadril delineado, pernas longas e pés delicados,
igualmente com unhas pintadas, ostentando a beleza de Vênus, não caminha, desfila.
Anda suavemente com naturalidade consciente de sua elegância e graça. Aquela
mulher, de corpo dourado sem a imposição natural do sol, inunda com sua sensualidade
meus olhos pasmos de contemplação e êxtase. Ela, com seu jeito especial de ser,
convida meus instintos mais primários para permanecerem atordoados, mas em
pleno estado de prontidão.
VICENTE ROMERO REDONDO - Mirando
Pastel - 55 x 46
Curtindo o sol na
praia, indo ao cinema, chegando ao restaurante ou simplesmente passeando despreocupadamente na avenida, sempre
desperta a atenção pela sua radiante beleza. Aquela mulher de voz calma, jeito
suave de expressar, insinuante, amante ardorosa e principalmente inteligente,
arrebata de forma definitiva o meu coração.
A sua estética perfeita me convence de que é uma mulher que resvala a
perfeição. Aquela mulher cúmplice, que me entende quando não preciso dizer
nada, é o oxigênio que respiro, meu álibi indispensável, minha necessidade
constante.
Aquela mulher, que
chegando comigo ao hotel, gira a fechadura da porta, me faz deixar lá fora o
burburinho de mais um agitado e corriqueiro dia. Leva-me com delicadeza para a
cama de lençóis muito alvos e me envolve com carícias, abraços e beijos,
conduzindo-me num levitar de êxtase transformando aquela noite com seu
ilimitado e generoso amor num instante apenas perdido no tempo. Envolvido em seus
braços, não percebo o tempo, fico convencido de que, a felicidade é plena no desfrutar
daquele momento único. A alegria esfuziante de seu rosto, colado ao meu, num
desejo incontido me conduz numa viagem alucinada de rostos suados e peitos
ofegantes, entre infindáveis e insaciáveis carícias tirando os brancos lençóis
e esquecidos no canto. O encantamento daquele momento sublime, faz daquele
espaço um lugar único. Aquela mulher é especial em tudo. Aquela mulher diferente,
preenche meus anseios mais ocultos e profanos, com sua companhia constante,
aconchego, charme e sensualidade. Aquela
mulher, sonho, desejo e ambição de todo homem, é o mais puro deleite meu.
O vento impetuoso
acompanhado pelas nuvens negras de uma noite escura, sopra mostrando fúria e
trazendo granizo. Uma pequena pedra gelada acertou em cheio o meu sonolento
rosto. A rede balançava com ímpeto. Acordei sentindo o ardor e o gelo
escorregando rapidamente pelo meu pescoço. Apesar do vento e da chuva forte
demorei ainda para me levantar. Sorri e refleti um pouco sobre o surpreendente
e delirante sonho.
Em seguida, com o rosto parcialmente molhado,
o coração acelerado, os pés no chão e a cabeça nas nuvens rejeitando voltar a
realidade, conclui que a mulher que vive comigo, me ama, me encanta, me acolhe
no seu colo quente, me anima nos momentos de desânimo, alegra nos momentos
felizes, acompanha-me de perto, me faz acreditar que sou o melhor dos homens
sem sê-lo, ignora corajosamente meus inúmeros defeitos enaltecendo virtudes que
não vejo, que eu amo mais do que tudo,
sem admitir, e que não posso perder, é
fruto do meu alucinado
devaneio e a mais pura e sentida ilusão.
José
Geraldo de Araújo Castro - maio de
2012
VICENTE ROMERO REDONDO - Uma pose - Carvão - 46 x 61
José, este Romero conhece de mais.....................
ResponderExcluirTenho que concordar plenamente com você!
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