terça-feira, 17 de maio de 2011

ALBERTO VASQUEZ (José Rosário)

ALBERTO VASQUEZ - A materialização da idéia (detalhe)
97 x 130

“Eu creio que a Arte é envolver-se totalmente (energia, inteligência e amor), em qualquer coisa que se faça. No final de tudo, todos estamos comprometidos unicamente com a beleza”.
(Alberto Vasquez)

Ainda que Bosch tenha sido precursor de um estilo de pintura completamente inovador para sua época, só muitos séculos depois suas idéias fariam discípulos. O Surrealismo, estilo criado na segunda década do século XX, e muito utilizado até meados dele, tem como característica básica explorar o mundo dos sonhos, da intimidade e das imagens subconscientes de quem as produz. Meio que ligada ao automatismo psíquico, sem rédeas e sem controle, a obra se forma assim, sem uma sequência lógica, como nos sonhos mesmo. Muito da linguagem de Bosch foi utilizada para essa nova corrente artística.

ANDREW WYETH
O mundo de Cristina

ALBERTO VASQUEZ - Matrimônio n° 1
Óleo sobre linho - 45 x 55

Alberto Vasquez não tem o menor estranhamento
em afirmar que whyeth foi seu artista
inspirador. Suas primeiras obras deixam
transparecer claramente.

Tendo Dali, Magritte e Ernst como os pilares do movimento, o estilo tornou-se bastante popular, e arrisco a dizer que pouquíssimas pessoas ainda não viram, pelo menos em desenhos, imagens com duplos significados, que dão um nó na cabeça de muitos.

ALBERTO VASQUEZ - Estranha penitência - 60 x 80

“O Surrealismo morrerá quando o homem e seu subconsciente estiverem em paz, coisa que tardará. A primeira expressão do Surrealismo foi tosca, porque foram feitas por pensadores. Logo, os pensadores aprenderam a pintar e os pintores a pensar”.
(Alberto Vasquez)

Visitei em 1995, uma excelente mostra com alguns trabalhos de Alberto Vasquez, um artista espanhol da cidade andaluza de Nerva. A minha rápida passagem por Madri fez confirmar, já naquela época, que a Espanha parece ser mesmo, o berço do Surrealismo. Existe uma safra de artistas muito bons nesse estilo, por todo o país.
Vasquez nasceu no ano de 1935 e junto com as primeiras palavras, vieram também os primeiros desenhos e quadrinhos.

ALBERTO VASQUEZ - Adão e Eva - 60 x 100

Quando sua família se muda de Nerva, em 1947, já é um adolescente inquieto e apaixonado por literatura. Com outros amigos de mesma idade, lêem juntos vários clássicos, montam um grupo de teatro e uma banda. Durante a temporada de serviço militar, em Madri, realiza no acampamento de Colmenar Viejo, os seus primeiros murais.

ALBERTO VASQUEZ - Barandilla - 60 x 70
Com essa obra termina o que o próprio
Vasquez definiu: "Fim do período escuro,
graças a Desus!"

À partir de 1958 vive uma etapa de diversos afazeres para sobreviver. Realiza ilustrações em revistas e também no diário “Pueblo”, desenha para publicidade e até desenho de moda. Já em Roma, no ano de 1968, se permite abrir espaços em outros mundos. O cinema lhe abre as portas, para o qual executa desenhos para o vestuário e efeitos especiais. É à partir desse período que uma série de exposições, em partes diferentes do mundo, lhe surgem como as primeiras oportunidades.

ALBERTO VASQUEZ - Para onde vou agora?
130 x 200 - Coleção Orazio di Simone

“Quando fui morar em Roma, é que me propus a trabalhos com o óleo e à idéia de pintar pensamentos. Aprendi a limpar os pincéis e apoiá-los na tela com medo. Na mente, tinha a convicção de que as cores que se põe na paleta, permitem pintar tudo.
Exercitando em figurativos, procurei como fazer. A obra de Andrew Whyeth me veio como inspiração. Era a pintura mais honrada e objetiva, de todas as figurações que eu havia conhecido até aquele momento... Após oito anos, produzi o que chamo de Surrealismo de situação.
Mozart, Bruñel e Kafka, sempre bons amigos”.
(Alberto Vasquez)

ALBERTO VASQUEZ - Madre Tierra n° 2 - 90 x 120

ALBERTO VASQUEZ - Titteroygatra (Madre Tierra n° 1)
100 x 70

Uma das exposições que mais projetou Alberto Vasquez foi a da Galeria Acoris, no Surrealist Art Centre, realizada no ano de 73. Roman Polansky, amigo de jornada, quem lhe conseguiu a oportunidade. Muitas outras seguiram a esta, em solo espanhol e fora dele.

ALBERTO VASQUEZ - Nu sentado - 50 x 40

O Surrealismo continua sendo a expressão mais justa para as idéias de Vasquez. Segundo o próprio artista, é a terra onde “deixa sua extravagância se converter em fonte de conhecimento”.

ALBERTO VASQUEZ - O túnel
170 x 122 - Coleção Orazio di Simone

ALBERTO VASQUEZ
O portador das cores

As cores terrosas e composições sombrias, até 1977, deram espaço a obras mais iluminadas e composições mais arrojadas.

ALBERTO VASQUEZ - Oferenda à Gaspar David Friedrich
130 x 87 - Coleção Orazio di Simone

ALBERTO VASQUEZ - Mirando o ocidente
130 x 97 - Coleção Orazio di Simone

“Os artistas são, quase sem exceção, uns enfermos. De que sofrem? Além de uma extraordinária opinião de si mesmos, e depois de muitas exigências, padecem finalmente de uma predisposição para ofenderem-se pela menor falta de compreensão ou de apreciação”.
(Alberto Vasquez)

ALBERTO VASQUEZ - Autorretrato

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