domingo, 26 de junho de 2011

A ARTE NAS CAPAS DE DISCOS

PINK FLOYD - Dark side of the moon
NIRVANA - Nevermind

Talvez duas das capas mais emblemáticas da história do rock.
A primeira lançada no auge da Guerra Fria que dividia o mundo, e que
pregava a música como um prisma que transforma e melhora nossas vidas.
A segunda, o retrato mais fiel do que foi a geração 90, a inocência
da vida corrompida desde cedo por um capitalismo cada vez mais selvagem. 

O rock me chegou quando tinha 16 anos de idade. Ele veio por um amigo de nome Marcos, e era a metade da década de 80. Os anos 80 foram sem precedentes na história da música mundial. Em todos os lugares, uma quantidade enorme de estilos, bandas e músicos surgiram numa explosão difícil de ser superada. Não sou o único a afirmar que os anos 80 formam uma década que não acabou. Ainda continua viva na mente de todos que a viveram.


YES - Anderson, Bruford, Wakeman e Howe
URIAH HEEP - The magician's birthday
ASIA - Asia

O talento ilustrativo de Roger Dean presenteou o mundo
do rock com diversas e excelentes capas. 

Duas fitas cassete foram os presentes que me apresentaram esse novo estilo musical. Entendia muito pouco do que pregava aquele movimento, mas era impossível não gostar de cara, das canções melódicas do Scorpions, Uriah Heep, UFO e Whitesnake, que estavam naquelas duas gravações. Para iniciantes como eu, as baladas metais parecem ser mesmo os melhores caminhos para entrar no mundo do rock.


MARILLION - Misplaced Childhood
METALLICA -  Ride the lightning
IRON MAIDEN - Fear of the dark

Três representantes de estilos bem distintos. Marillion e seu 
rock progressivo "a la Genesis", Metallica e o início do trash metal, e Iron Maiden,
que é desde sempre, referência obrigatória do heavy metal tradicional.

Como curioso que sempre fui, o estilo foi me envolvendo com novos repertórios, outros ritmos e bandas diversas. Em pouco tempo já me familiarizava com toda a subdivisão de estilos que abriga a família metal, e já sabia distinguir muito bem trabalhos feitos com consistência, de trabalhos feitos para não durar tanto assim. O rock progressivo foi a primeira porta a entrar nesse movimento. Tenho pra mim que não poderia ter começado por uma entrada melhor. Apenas músicos de extrema competência sobrevivem no lado progressivo do rock, e este é um parâmetro que não deixa dúvidas.


SEPULTURA - Arise
VIPER - Thetre of fate

Duas capas de bandas memoráveis da cena metal brasileira.
Sepultura é, seguramente, uma das bandas brasileiras mais conhecidas
no exterior. Essa banda mineira tem uma carreira sólida e invejável.
O Viper é sem comparação. O heavy tradicional
meio trash, que influenciou várias bandas de sua geração. Banda paulista com ótimos
músicos e temática sempre muito bem abordada.

Não só a música me atraía nesse novo estilo musical. Saltava aos olhos, desde aquelas épocas, a excelência gráfica que envolvia todo lançamento. Ano após ano, novidades surgiam para incrementar as capas de lp’s, e os artistas que as produziam se superavam cada vez mais, lançamento após lançamento. Para os leitores mais recentes, é bom lembrar que uma capa de lp possui uma área quatro vezes maior do que a de um cd tradicional. Havia ali, numa área bem maior, a oportunidade de expor toda a criatividade artística que deixava, a cada lançamento, um motivo pra esperar o próximo. Houve um tempo em que eu comprava álbuns de bandas desconhecidas, apenas pela beleza plástica da capa. Com o tempo, aprendia a gostar da banda também. O que mais me surpreendia é que naquela época não havia a tecnologia digital que tanto auxilia o profissional gráfico de hoje. Era tudo feito ali, na mão mesmo. Algumas capas de lp’s são para mim, verdadeiras obras de arte.


DREAM THEATER - Images and words

O surrealismo ganhou ótimas interpretações com o
auxílio da computação gráfica. Manipulando imagens fotográficas,
muitas bandas da geração 90 em diante souberam muito bem explorar
esses recursos.

Alguns anos mais tarde as capas vinham duplas, lançando dois discos num único álbum. A área para a ilustração ganhava ainda mais espaços. Interiores de capas se abriam em verdadeiras cenas panorâmicas. Os anos passaram mais um pouco e a década de 90 trouxe a qualidade digital como referência. Lp’s se transformaram em cd’s e a arte gráfica já não tinha mais tanto espaço como antes, para encher os olhos daqueles que a admiravam. Se a qualidade musical ganhou com a série de novos aparatos que facilitam a vida do músico, a arte gráfica dos trabalhos perdeu um pouco do seu glamour. Perdas que não foram mais reparadas.


STRATOVARIUS - Infinite
RHAPSODY - Dawn of victory
AYREON - The dream sequencer

Com os pés originados em bandas como Manowar, o power metal
sempre defendeu a veia mais tradicional do heavy metal. A década de 90
viu nascer excelentes obras e surgir competentes bandas. Alguns
projetos isolados, liderados por guitarristas de renome também
enriqueceram a cena. As capas então, são um caso à parte.

Seria injusto de minha parte afirmar que escolhi as melhores capas para ilustrar essa matéria. Longe disso de ser a minha intenção. Escolhi por estas imagens com o pesar de deixar tantas outras. Algumas tem gostos pessoais que remetem a acontecimentos bons da vida de adolescente, outras são inegavelmente, ícones de uma época e de um novo comportamento musical. Capas como a de Dark Side of the Moon, da banda Pink Floyd, se transformaram em símbolos de todo um movimento. Injusto também, seria não lembrar das excelentes composições produzidas por Roger Dean, para capas inesquecíveis como as das bandas Yes, Uriah Heep e Ásia. Ficaria horas aqui, fazendo uma extensa lista de ótimas ilustrações que se tornaram capas lendárias de toda aquela época.


ANATHEMA - The silent enigma
AMORPHIS - Skyforger
DENUN - Toluken

O black metal e todas as vertentes mais underground do
cenário heavy surgiram bem antes com bandas como o Mercyful Fate.
Mas é da metade da década de 90 em diante que vários nomes
receberam merecido reconhecimento. 

Os anos 90 não só trouxeram a tecnologia para a música como produziram significantes mudanças comportamentais das bandas. O som mais industrial já não clamava por liberdade como em outras épocas. Tornara-se, pelo contrário, cada vez mais underground. É dessa fase o surgimento de estilos como o doom, o black e outras tantas variantes mais guturais e introspectivas. As capas tornaram-se mais soturnas, mas continuaram com a beleza plástica que sempre acompanhou uma boa produção metal.


UFO - Lights out
TIME MACHINE - Act II: Galileo

Seja na corrente mais tradicional dos tempos de UFO, ou na linha
mais moderna como o Time Machine, o rock sempre irá se reinventar e
produzir grandes obras.

O Heavy Metal segue assim, inventando e se reinventando com o tempo. Tido como quase extinto por muitos, estará mais vivo do que nunca, na mente de todos aqueles que um dia se deixaram guiar pelo seu verdadeiro caminho.


Para fechar a matéria, uma faixa da
banda Deep Purple. Daquelas que parecem
ter sido feitas para finalizar qualquer momento:
Wasted sunsets.



7 comentários:

  1. Sou um dos muitos fãs do Metal, atualmente tenho me interessado pelo estilo "metalcore" que é relativamente recente, que mistura o gutural, os agudos mais rasgados com uma melodia, a variação de grito x melodia torna o som bem agradavel...Uma banda que representa muito bem esse estilo é o killswitch engage, a minha favorita no momento...Mas tbm curto um som mais gutural como cavalera conspiracy e sua turma...Curioso que na adolecencia curtia um metal mais com a cara do maiden...
    Não deixe de comprar e assistir os documentários do San Dan sobre a história do metal, é muito bom!

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  2. Infelizmente sou da geração CD! Qdo comecei a comprar musica ela já não estava mais no formato LP...rsrsrsrs Mas lembro sempre de ficar na espetativa de como seria a próxima eddy do Mainden...Ainda assim as ilustrações com temática metal sempre me atrairam muito.

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  3. Pois é, Leonardo. O rock entra na vida da gente e não sai nunca, pelo contrário, cada vez mais, finca raízes. Tenho curtido também um som mais gutural e de ritmo arrastado. Valeu pela visita e pelos comentários.

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  4. Opaaaa... Grande Jose Ru, muito massa todo o contexto envolvendo Rock, é sempre assim, o Rock eternamente Rock, ta no sangue mesmo. Sempre disse: "Quem curtiu e não gosta mais, é porque realmente nunca gostou". Sons que marcaram e continuam marcando em todo planeta classificados por inváriáveis estilos ao qual se assemelha ao gosto de cada rockeiro. Tive a imensa e grata surpresa de conhecer Slow An Easy, Love Ain't Stranger, Holy Diver, Revelation... em Novembro de 1984 onde comecou alma rock n roll dentro de mim e não parou mais até hoje, rs rs rs. Parabéns pela matéria !!!

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  5. Grande amigo, obrigado pela visita. Se estou no caminho rock, a culpa é sua. Só os amantes de boa música sabem quanto esse caminho é longo, se é que acaba.

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  6. Que grata surpresa esse seu ecletismo.
    Percebi que você gosta de Rock Progressivo, volta um pouco, aos 70 e dá uma olhada em Emerson, Lake & Palmer ,principalmente os discos Trilogy e Brain Salad Surgery. Há também as bandas Foccus e Triunvirat que tem álbuns esplêndidos.

    Abraços

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  7. Conheço essas bandas. Triunvirat é tudo de bom.
    Algumas bandas mais atuais até me surpreenderam:
    tem Enchant e Fates Warning, que não chega bem a ser progressivo, mas lembra muito e é excelente. Indico!

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