Fiquei devendo uma matéria com a execução de uma obra feita passo a passo. Escolhi uma paisagem, em uma tela de medida 70 x 100. Não é um local existente. A cena é idealizada e para isso utilizei referências variadas de árvores, arbustos, beiras de rio... Serviram para isso estudos colhidos em locais, fotos, gravuras e um pouco de imaginação para a conclusão do trabalho.
PALETA DE CORES
. Branco de titânio
. Amarelo de cádmio claro
. Amarelo ocre
. Vermelho francês
. Terra de siena natural
. Sombra queimada
. Sombra natural
. Sépia
. Azul de cobalto
. Azul cerúleo
. Carmim
. Verde esmeralda
. Verde veronese
. Verde vessie
ETAPA 1 - Estudos e esboços
De posse de todos os recursos que mencionei acima, executei um esboço em lápis para posicionar todos os elementos de minha composição. É nessa hora também que defino o direcionamento de luz e sombra, escolha do tamanho da tela, ajustes de composição, enfim, todos os cuidados necessários ao se iniciar o trabalho. Já mencionei em matéria anterior e não me canso de recordar: gaste um bom tempo elaborando seu trabalho, isso quando estiver trabalhando em estúdio. Mesmo em plein air, observe bastante antes de transpor para a tela aquilo que deseja ou visualiza.
ETAPA 2 - Transferindo o esboço e início da pintura
Transfira o estudo para a tela da maneira que achar mais confortável. Há inúmeras maneiras de se iniciar um trabalho, e a escolha da técnica a ser utilizada é que definirá que caminho melhor tomar nesse momento. Cada artista adapta a sua maneira de fazer com a técnica que pretende utilizar. Eu particularmente, esboço a tela com grafite mesmo. De preferência nem tão macio, para não sujar demais o desenho, nem tão duro, que dificulte a visualização do traço.
Para essa demonstração, cobri algumas áreas com uma mistura bem aguada de tinta acrílica nas cores sombra natural e terra de siena natural. Se quiser incrementar seu underpainting, adicione mais algumas cores e já comece elaborar áreas de luz e sombra. Como disse anteriormente, cada artista vai achar a melhor maneira para se adaptar. O mais importante é o resultado do trabalho, e vários caminhos podem levar até ele.
Lembre-se que ao optar pela sua maneira particular de fazer, é bom cercar-se de boa técnica. É preciso que ela seja, primeiramente, segura para a vida útil de sua obra. Nunca arrisque métodos experimentares para trabalhos mais elaborados. Teste antes em superfícies de tamanhos menores e que sejam apenas seus "cadernos de experiências".
Para essa etapa, caso esteja com dúvidas ao escolher sua melhor maneira para começar, consulte a página do blog Cozinha da Pintura, que deixo abaixo como link. É muito esclarecedora e com resultados pautados em experiências muito bem conduzidas.
ETAPA 3 - Cobrindo grandes áreas
Tenho como meta, iniciar sempre o meu trabalho do ponto mais escuro da composição. É o que mostrei inicialmente na Etapa 2 e continuo executando na etapa 3. Faço isso pelo fato de me orientar melhor do escuro para o claro. É muito mais fácil comparar uma área de luz a ser executada com uma área de sombra já composta, do que o contrário. Um erro muito comum quando se inicia pintura de paisagens é vir trazendo do fundo para o primeiro plano. Se os tons não forem bem colocados no início, há um sério risco de quando se detalhar o plano mais próximo, o fundo feito inicialmente ficar bem mais claro do que se desejava. Confirmando mais uma vez o que foi dito na etapa anterior, experimente várias situações até que se possa optar pela mais confortável, e que vá permitir os resultados que deseja.
ETAPA 4 - Posicionando melhor alguns elementos
Sem ser demasiadamente excessivo, vá definindo melhor algumas formas de arbustos e pedras, que já se encontrarem num plano mais próximo. Isso ajudará a conduzir o detalhamento na hora necessária.
ETAPA 5 - Pintando a água
Comece a definir a água. Uma regra importante é que água geralmente não tem cor, ela reflete o que está próximo. Trabalhe observando com atenção o que será reflexo e sombra, pois esses dois itens tem uma grande diferença entre si. Veja na imagem logo acima, as entradas de luzes que vem da direita, formam trechos iluminados na água, fazendo com que os reflexos de tudo que está em volta, ganhem áreas mais brilhantes à luz e mais escuras nas sombras.
ETAPA 6 - Conclusão da "mancha inicial"
Conclua a primeira etapa. Depois de seca, faça os ajustes necessários antes de começar o detalhamento. Use verniz de retoque em algumas "ilhas de fosco", que possivelmente ocorrem entre massas de cores diferentes. Caso queira, trabalhe veladuras em alguns pontos onde haja necessidade de correção da cor e da temperatura.
ETAPA 7 - Trabalhando detalhes
Tão importante quanto certificar de todos os detalhes, é saber quando parar de coloca-los. Pense na obra como um conjunto, onde todos os pontos devem se harmonizar, valorizando a atenção apenas para o ponto principal da obra.
ETAPA 8 - Término
JOSÉ ROSÁRIO - Interior de mata
Óleo sobre tela - 70 x 100 - 2011
É momento de assinar. Uma boa regra é colocar a assinatura num ponto que não chame tanta atenção. Uma assinatura no local inadequado pode desequilibrar a composição. Espere que o trabalho esteja completamente seco para fazer o envernizamento final.
Simplesmente sensacional. Íncrivel post José. Muito bem explicado e ricamente documentado pelas fotos. A pintura está magnífica, com detalhes deslumbrantes... adoraria vê-la ao vivo, é sempre melhor... Um abraço e parabéns, novamente, pela dedicação!
ResponderExcluirA dica do "caderno de experiências" é muito prudente. Acabei de postar um link do seu passo a passo no Facebook.
ResponderExcluirMuito bom José! Exelente post!
ResponderExcluirAbraço
Valeu Márcio e Leonardo pelas visitas de sempre. Não sabem o quanto a ida a seus blogs me abriram os horizontes.
ResponderExcluirQue tal prepararmos mais duas matérias sobre vocês? Vamos amadurecendo essas idéias. Voltarei a fazer contato. Abraço a todos!
muito bom este passo a passo, como obra acabada e como demonstração do processo em si.
ResponderExcluirdaria apenas uma sugestão para que, ao meu ver, o processo ficasse ainda mais completo: a apresentação do material de estudo que levou à obra final. faço esta sugestão com um certo receio, pois da última vez que sugeri o mesmo para um outro blog que se propõe demonstrar a execução de uma obra parece que não fui bem compreendido, o que gerou uma discussão talvez até um pouco áspera.
até entendo que normalmente os artistas não gostem muito de expor suas fontes de origem das obras. é natural. no meu caso trabalho sempre apartir de fotos minhas e fotos de outros, principalmente as de época. faz parte de minha temática. recorro também à obra pictórica de outros artistas, mormente em figuras de época, pois fica muito difícil montar um modelo com estas características hoje. isto gera uma certa questão ética: releitura,plágio, simples uso de recortes para uma montagem de uma nova obra, uso de material de livre circulação, estudo de outro artista para aprimoramento de sua obra... e por aí vai.
aliás, rosário, isto dá até tema para um próximo post. quem nunca fez estudos de artistas de sua admiração, releituras?
desculpe-me se me alonguei demais em minhas considerações, mas o assunto sempre me atrai.
abraço,
paulo de carvalho
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ExcluirOlá Paulo, toda sugestão é bem vinda. Já disse uma vez e repito: a melhor arte é aquela que possa ser a mais democratizada possível. Ainda tenho alguns esboços e também vou separar algumas fotos que usei. Envio para o seu e-mail. Valeu!
ResponderExcluirCerta vez enviei um e-mail para o José perguntando o sobre aulas, pois bem,como que a internet vem aproximando as pessoas mesmo que de longe.Me deparo hoje com uma verdadeira aula,dicas preciosas que para quem esta começando como eu, são valiosissimas, e o melhor de tudo, de grátis.... rsrsrsss...
ResponderExcluirobrigado José por compartilhar seus conhecimentos
Parabéns....
abraço !!!
Eu que agradeço por passar aqui, Paulo. Nada é melhor do que compartilhar algo que também nos foi oferecido. Abraço!
ResponderExcluir...traigo
ResponderExcluirsangre
de
la
tarde
herida
en
la
mano
y
una
vela
de
mi
corazón
para
invitarte
y
darte
este
alma
que
viene
para
compartir
contigo
tu
bello
blog
con
un
ramillete
de
oro
y
claveles
dentro...
desde mis
HORAS ROTAS
Y AULA DE PAZ
COMPARTIENDO ILUSION
JOSE ROSARIO
CON saludos de la luna al
reflejarse en el mar de la
poesía...
ESPERO SEAN DE VUESTRO AGRADO EL POST POETIZADO DE STAR WARS, CARROS DE FUEGO, MEMORIAS DE AFRICA , CHAPLIN MONOCULO NOMBRE DE LA ROSA, ALBATROS GLADIATOR, ACEBO CUMBRES BORRASCOSAS, ENEMIGO A LAS PUERTAS, CACHORRO, FANTASMA DE LA OPERA, BLADE RUUNER ,CHOCOLATE Y CREPUSCULO 1 Y2.
José
Ramón...
José Ramon, obrigado pela visita e pela belas palavras. Passei pelos seus dois blogs. Gostaria muito de poder utilizar algumas das suas citações em matérias futuras. Abraço!
ResponderExcluirOlá Rosário! Estou surpreso! Meu blog lhe ampliou o horizonte?! Nossa! Me sinto tão amador diante da sua experiencia que fico lisonjeado de verdade! Quanto a matéria, fico igualmente honrado!
ResponderExcluirGanhei meu dia! rs
Um abraço!
Olá Leonardo, enviei um e-mail a você. Gostaria muito de preparar uma matéria sua. Abraço!
ResponderExcluirOlá José muitissimo obrigado pela aula dedicada..isso demonstra mais uma vez sua paixão pela democratização das artes..parabéns!!
ResponderExcluirGianifaria
Valeu pela sua visita, Gianni. Tava devendo essa matéria a um conhecido meu. Espero que encoraje outras mais. Abraço!
ResponderExcluirOlá José Rosário, gostei imensso de sua pintura e do assunto abordado(utilizar fotos como inspiração para pintura)! Estou tendo aulas com Paulo Carvalho e gosto muito do que faço; todas as informações técnicas que vc passou no passo a passo são super importantes pra uma iniciante como eu.Obrigada, e voltarei sempre ao seu blog com certeza.
ResponderExcluirAtt,Beth Ferraz
em tempo : imenso...( grafia correta) Beth Ferraz.
ResponderExcluirOlá Beth, não imagina o quanto é bom saber que o blog esteja sendo um pouco útil. Agradeço a visita e espero poder proporcionar muitas outras proveitosas voltas.
ResponderExcluirIncrível!!!
ResponderExcluirOlá Miltinho, obrigado pela visita aqui, e na matéria do Gianni.
ResponderExcluirmuito bom. Me ajudou muito a entender como se faz o efeito da água.
ResponderExcluirValeu Evandro. Bom que tenha sido últil a matéria.
ResponderExcluirGrande abraço!
Olá José!
ResponderExcluirMinhas aulas de metalinguagem estão prontas e de altíssima qualidade.
Parabéns pelo serviço e dedicação à arte e por facilitar nossas vidas.
Abraços
José Maria
Zema, disponha sempre. Bom poder ajudar um pouco!
ResponderExcluirGrande abraço!
Adorei suas obras, são lindíssimas!!!espero um dia chegar, perto ao seu nível, parabéns minha opinião,perfeito.
ResponderExcluirOlá José Rosario!! vou ser seu aluno virtual rsrs,quando fiz aulas meu professor, ele era muito versátil pintava de tudo,hoje ele só dedica a paineis de grande porte em igrejas com pinturas sacras,mas paisagem ele me ensinou outra tecnica e sempre discutia com ele, pois queria fazer tudo no minimos detalhes,como por exemplo a vegetação que você faz, se vê as folhas,o mato que é tão natural um trabalho minucioso,tomei a liberdade de salvar as fotos desse passo a passo para estudar,quando fizer uma pintura legal te mando a foto..
ResponderExcluirforte abraço meu caro!!
Antonio, fico feliz que tenha ajudado em algo, as poucas dicas que estão nessa matéria.
ExcluirMande o trabalho sim, será uma honra.
Um grande abraço!
parabens pelo seu dom e obrigado por ajudar a democratizar esta arte tão linda que é a pintura espero um dia chegar perto de seu nivel uma vez que estou apenas começando,descobri voçê hoje e a partir de então o acompanharei estudando e humildemente aprendendo com voçê sua obra é perfeita,linda parabens.
ResponderExcluirParabéns!!Ficou perfeito!!
ResponderExcluirPara chegar a pintar um quadro, precisa de quê? Paciência ou Dom? Porque não tenho nenhum dos dois. Gosto e admiro os artistas plásticos. Aprendi a diferenciação do expressionismo e do cubismo. Mas não tenho predicado para segurar um pincel.
ResponderExcluirDivertido isso, Cristina. Pra ser sincero, é preciso um pouco de tudo, dom, paciência e muita disciplina.
ExcluirGrande abraço!
JOSE SEU PASSO A PASSO FOI MUITO BOM PARABENS.
ResponderExcluirValeu Everton. Acho que está na hora de providenciar um outro.
ExcluirGrande abraço!
Cheguei nesse blog através do perfil do Paulo Frade, graças a Deus. Que excelente post. Parabéns!
ResponderExcluirObrigado Leandro. Seja sempre bem vindo por aqui!
Excluirshow!!!!
ResponderExcluirAbraço, amigo!
Excluirqual o verniz correto e qual a forma de aplicação ideal....???
ResponderExcluirabraço;;;
rodrigo sp /
Olá Rodrigo, a matéria é complexa e bastante atraente. Sugiro que consulte o site Cozinha da Pintura, pois terá uma explicação bem técnica e com bastante suporte prático. Terá sua resposta esclarecida em detalhes. Grande abraço!
ExcluirJosé Rosário, vc costuma fazer veladura em suas pintura de retratos?
ResponderExcluirsou um pintar a pouco tempo e comecei a estudar esse estilo por achar muito importante para quem pinta, gostaria muito que você postasse uma pintura passo a passo nesse estilo, se possível.
ABROÇO DE SEU FAN,ANTONIO JOSÉ!!!!
Realmente não postei uma matéria sobre pintura de figuras, Antônio José. Por uma questão de intolerância a alguns produtos usados em veladura, praticamente não uso. Meu trabalho é mais alla prima, com resultados mais diretos. Fui me adaptando a isso. Mas, caso queira ver passo a passo nesse sentido, irá encontrar no site Cozinha da Pintura e em artigos do Paulo Frade.
ExcluirEspero que encontre suas respostas por lá, meu amigo.
Grande abraço!
somente a pouco tempo descobrí sua obra e seu blog. Me tornei um grande admirador e fâ do seu trabalho. tenho algumas duvidas: o que é ala prima? Na obra passo a Passo voce começa a pintar da frente para trás? geralmente a gente aprende a pintar do terceiro para o primeiro plano. Há uma regra ou é questão da tecnica de cada artista? abraços.
ResponderExcluirOlá Ivo, primeiramente, obrigado por vir e participar. Alla prima é um termo italiano para "pintado da primeira vez", ou seja, uma pintura sem etapas, feita numa única sessão. Muito usada por pintores em plein air. Começo o quadro, geralmente, do trecho mais escuro para o mais claro. Acontece de voltar ao fundo depois e vir trazendo dos planos mais distantes para os mais próximos. O olho tem mais facilidade de regular os tons dos mais escuros para os mais claros. Por isso, muitos artistas iniciantes tendem a ter fundos muito desbotados, por começar a pintar geralmente do fundo, sem um elemento escuro de comparação.
ExcluirEspero que tenha respondido sua dúvida.
Grande abraço!
Me deparei com esta preciosidade,estou começando a pintar com tinta a oleo sobre tela e acredito que tudo que li e vi me servirá como base. Muito obrigada por compartilhar estes detalhes .Parabens pelo talento.
ResponderExcluirLegal, Yvete. Espero que tenha bons resultados por aí.
ExcluirGrande abraço e volte sempre!
Adorei as dicas! Pintei uma tela onde o tema foi Floresta, mas a tela ficou com muitos reflexos e não gostei! Isso é normal? E como faço pra tirar o reflexo sem estragar a tela?
ResponderExcluirOlá Nayane, teria que ver o resultado do trabalho para talvez sugerir alguma dica. Envie para meu e-mail, caso queira.
ExcluirGrande abraço!
Belas obras, e ótimos textos que nos passam grandes informações e parabéns pelo seu trabalho atuante no mundo das artes. Siga sempre assim!
ResponderExcluirObrigado pela força, ela sempre impulsiona.
ExcluirGrande abraço!
Nooossa que paisagem linda com detalhes tão reais, parabéns.. tudo lindo e muito bem explicado você tem um dom maravilhoso quem me dera ter um quadro desse na minha sala sou apaixonada por pinturas e principalmente por paisagens... Parabéns mesmo muito bom nunca tinha visto uma pintura assim!!!
ResponderExcluirOlá Glenda, muito obrigado.
ExcluirPaisagem também é meu tema preferido.
Grande abraço e obrigado por vir!