sexta-feira, 10 de junho de 2011

MOÇA (José Maria Honorato)

WILLIAM ADOLPHE BOUGUEREAU - Biblis
Óleo sobre tela - 48 x 79 - 1884
Coleção particular


MOÇA

(José Maria Honorato)
Poema-declaração a uma instrutora de academia

Alongando fibras de minhas emoções
Advirto o meu coração:
Não te embriagues com a dança destas formas!
Não delires com as armadilhas destas formas
Por onde voam meus desejos presos...
Mas te sinto assim, minha.

Moça! És ao mesmo tempo bíceps, tríceps,
Glúteo, panturrilha, ilha, menina, mulher,
Fêmea, mãe... Oh, minha Senhora!
Anilhado em tua beleza, sou menino e saboreio
Meu nome brincando em tua voz...
E és então, minha.

A ergonomia de meus olhos transpira
Teus movimentos suaves
E, entre monstros suados, viajo em tuas curvas
Pelas ruas de barras e anilhas,
E teu espetáculo estremece minha razão...
E és então, minha.

No calor das quatro paredes onde
nossos corpos suados respiram o mesmo ar,
meu olhar te procura...
procuro teu molejo gracioso e firme pelo espelho.
Eu te procuro, aspiro teu ar e perco o meu.
Eu e procuro, assisto deu desfile e paraliso.
Eu te procuro, aspiro teu corpo e não existo...
E és então, minha.

Na passarela entre o supino e o puley
Tua anatomia tumultua,
Mas no colo do meu pensamento,
Nenhum daqueles olhares suados
Poderão te verter,
E enquanto desliza tua voz em mim,
Embriago...
E és então, minha.

WILLIAM ADOLPHE BOUGUEREAU - A Onda
Óleo sobre tela - 121 x 160,5
Coleção particular

2 comentários:

  1. Salve José! O espaço do homem
    é mesmo qualquer espaço
    somente o Tempo não é do
    tempo do homem.
    Abraços
    José

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  2. Olá José, bom te ver por aqui visitando você mesmo.
    Grande abraço!

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